Um certo dia fui rever os meus parentes Na fazenda Sol Nascente e a surpresa me esperou O meu irmão veio dos fundões da casa E me deu um ferro à brasa que a nossa mãe deixou. O que pra muitos pode ser até tranqueira Hoje lá na cabeceira, um abajur dele eu fiz, Me faz lembrar a sua luz que me rege Que eu só tinha um terno bege, mais eu era tão feliz! Ferro à brasa, o calor que hoje me queima É uma saudade que teima reviver aquele amor Ferro à brasa aquecido pela idade Hoje passa a realidade só não passa a minha dor! Voltando ao tempo vejo mamãe preparando, Esse ferro, assoprando as brasas do tição; Depois passava com carinho sem preguiça Nossas roupinhas de missa, de festa a procissão. Olho esse ferro do abajur é a claridade Sinto as brasas da saudade me queimar o coração, E o pensamento vai passando meu passado, No tecido amarrotado de mágoa e solidão!