Quando o sol desponta, por sobre a coxilha, Partindo em astilhas, seus raios de luz, Os tropeiros saltam, no trono dos bastos, Palmeando pastos e seguindo rastros, Cada qual ombreando, sua própria cruz. Já deu de mate tá na hora meu parceiro Grita o fronteiro quase à guisa de clarim O campo chama esse atavismo qual cincerro E o pago inteiro vem pulsar dentro de mim. Uma coplita se desgarra estrada afora Porfiando a aurora que recém se aclimatou E a gadaria segue o berro do sinuelo Quebrando o gelo que esse julho nos mandou. Vai de ponteiro Negro Juca que é um esteio Firme no arreio com seu garbo e seu entono (E na culatra sem preguiça e sem receio, O Dom Ponciano cuida a tropa mais que o dono.) Bis (Pingos de lei que não refugam sóis e geadas Raça gaúcha que não cimbra e que não verga Tropeiro guapo que ainda insiste em manter vivo O Rio Grande altivo que não morre e não se entrega.) Bis Quando a noitinha com a tropa já cansada Chega a pousada no costado de um capão Aquela copla que soltou-se desgarrada Faz sua morada bem no bojo do violão. Então as mãos cheias de calo se desdobram Pois sempre sobram emoções pra partilhar E as almas rudes que à saudade não se dobram Então recobram suas forças pra pelear. Ser um tropeiro é uma benção e um legado Pra ser honrado neste ofício de campeiro (E se o Patrão me permitir ser agraciado Morro abraçado ao meu destino de tropeiro.) Bis (Pingos de lei que não refugam sóis e geadas Raça gaúcha que não cimbra e que não verga Tropeiro guapo que ainda insiste em manter vivo O Rio Grande altivo que não morre e não se entrega.) Bis