Este é um testamento inabalável, para guiar o caminho
Nome algum restou para me mostrar a direção
Mas ainda assim escalei, entre tempestades e cicatrizes
Afim de encontrar o lugar onde jaz o fim

Nenhum anjo cantou, nenhum demônio chorou
Nenhuma coroa restaurou
O que o silêncio manteve
Ainda assim, passo à passo, eu me reergui
Das cinzas
Do cerne, além do fim

Eu não marcho rumo aos portões do céu
Nem caio sob o peso do ódio
Caminho só (por entre chamas e poeira)
Não buscando poder – apenas confiança

Que as estrelas esqueçam meu nome
Que ninguém louve, que não reste ninguém
O fogo sabe, o silêncio discursa
O que espadas destroem, a alma supre
Sem tronos, sem túmulos, sem terra sagrada
Apenas quem sou e onde estou

O mundo ainda gira, os mitos ainda crescem
Mas a verdade sobrevive como uma ressaca
Nunca precisei ouvir o arrependimento alheio
Por si só, meu caminho sempre foi claro

Não imploro que o destino me veja
O que me tornei foi o que sempre fui
Que cada ferida (cada chama, cada queda)
Declarem: Eu vivi além de tudo

Que pedra alguma registre o que me tornei
Deixe que o silêncio carregue a chama adiante
O que me despedaçou, também me refez por inteiro
Não na carne, mas na alma
Sem templo (coroa ou último lamento)
Apenas isto: Meu testamento carmesim
Nem glória ou fim, apenas permanência