Pensei comigo tenho que escrever Não sei quanto tempo me resta Mas reconheço que sei quando a vida testa Tem quem me ama, quem me detesta A lama taí pra quem quiser se melar Pra quem quiser pular e prosseguir na honesta Depende da escolha, do tamanho da bolha em que cada um se cria O mundo grande e nele cada dia é um dia Redonda caixa de surpresas Escorregadia a pista, arisca que te engana, te ama Depois se mostra uma vadia vendida Cada rima tecida será lembrada na ativa Em razão da missão ainda não ter sido cumprida Cê quer falar de vida? Eu quero dedicar a última a quem tá fudido dela Num beco sem saída, sem comida Na brisa da real ingerida a seco, sem saliva Vai de como se lida, se concilia Pra que a magia não seja esquecida Eu luto após alguns tombos, trancos e barrancos Entre os escombros, puto, aumento o som e a velocidade Entre as ruas e avenidas da cidade De passagem Só de ida Essa é pros amigos Que depois de tanto tempo ainda tão comigo Mantendo o peito como abrigo Por aqui só de passagem no ladrilho da viagem A coragem de um leão é um irmão Pensei não ter existido E como as águas passadas de um rio Que talvez já tivesse ido Sendo um, sendo mil, sendo um milhão Parte da parte, tragédia, arte Parte do todo, pés cravados no chão Grão, estrelas da constelação Pão que poucos repartem ou dão Aqueles que partem ficam na estação Vendo passagens pra marte Bilhetes no encarte destaquem e vão Além do bem e do mal, não como nietzsche Vindo dos escombros da city Um sonho ou pior pesadelo Depende de quem tu és e acredite E as notas e o ódio eu queimo no enxofre da cidade Temos a mesma idade Uns sorrisos, umas palavras de improviso E umas barras de chocolate É só o que acumulo A benção das mães, a vida emprestada O calor da amada, a calçada E um vocabulário chulo O resto se perdeu, meu camarada E só o que restou foi o agora Entre judeus, filisteus, filhos teus padecem à porta O que a vida tem de bela Tem de torta E é o que me arrasa Mas tão pouco importa Linhas retas, vidas tortas, mesmo ambas tando mortas Se a vida imita a arte, permita que a arte a vida imite Tá bom, mas não se irrite Dedicada a black alien e speed Em vida Tudo nos conforme Aqui ninguém dorme A vontade de sair do corpo é enorme E com o vento é maior ainda (ainda) Talvez numa segunda vinda Krishna, buda, Jesus e allah Juntos não vejam seus filhos se digladiar Ainda assim, ide em paz e que o senhor vos acompanhe E pela tela o fim é comemorado com champanhe Um brinde à minha loucura e aos últimos dias de amanhecer E a todos aqueles que aqui passaram pra poder dizer Viva e deixe viver, vendo a vida passando Fazendo do mínimo o máximo, plácido Em pleno domingo, com calma não sei até quando Sorrindo, sofrendo, sonhando, ando longe de mim Melhor assim, passo com a força da vida por cada compasso Pense nas coisas que não existem Nas coisas que tentaram te apagar e assim mesmo resistem Quantos nessa luta persistem nos sonhos que tentaram esmagar No que as coisas consistem? Pense nas coisas que existem