Justo hoje que me escondo
Numa vilinha simplória
E gasto os dias compondo
Algo com minhas memórias
Estranho que essas lembranças
Anteriores, primitivas
Dos meus tempos de criança
Estejam tão, mas tão vivas!
O casebre macharrão
Onde afinal vim ao mundo
Fora encravado nos fundo
Do são gregório, rincão
Espécie de construção
Comum naqueles confins
Tijolo, barro, capim
Barro, capim e tijolo
Meu universo crioulo
Ternura sem par nem fim
Certo espaço dividia
A morada do galpão
Entre eles cinamão
Três ou quatro na quantia
Palco para as fantasias
Todas de quem numa hora
Arrocinava vassouras
Dos pêlos mais variados
E n’outras tropeava gado
De osso terreiro à fora!
La pucha! Quanta enxurrada
Roncando e fazendo carga
Cambiou a força d’água
Meus ossitos de invernada
Depois da chuva passada
De marca talha à cintura
Ia contar na planura
Do velho pátio embarrado
Os presos contra o alambrado
De galho e fios de costura
Nem tão distante dali
Vinte metros, coisa pouca!
A sanga de lavar roupa
E de pescar lambari
De tanto andar por ali
Descalço pelo varzedo
Atrás de arte... Brinquedo
É que deixei minha’alma
Encardida como a palma
Dos pé e os vão dos dedo
Além de pedra e sereno
Há um algo que não vemos
Mas que existe, sabemos
Cobrindo o plano terreno
Esse algo, não por menos
Foi que acabou me’enredando
Sem saber como nem quando
Mandei-me’embora do pago
Ilusão, pois sempre acabo
Ao escrever retornando!
Dizer que cantar o pago
Goela aberta, no meu caso
Tenha sido por acaso
Parece-me um pouco vago!
Desde cedo me embriago
Desses simples elementos
Choro de rio, voz de vento
Cheiro de fruta madura
Poder de enxergar lonjuras
Olhando apenas pra dentro!
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