Chorar não faz ninguém mais humano Rezar não santifica o profano Voltar é celebrar um acordo Entre a perda e o dano Põe lá a força do barco É o vento no pano No amor as vezes quem perde ganha E eu manjo essa manha Sem dor o bom poeta Se acanha não sonha O lar que não foi bom para dois se desfez O fim de uma dupla de três, dona dor Rodei porque lhe considerei afinal O bem tinha um pé lá no mal Ingrata surpresa tristeza maior Se falta grandeza beleza é luxo só tenha dó Amei me entreguei de peito aberto Feito Jesus no deserto E cai na tentação da paixão Paguei por minha ingenuidade Você falando em saudade É uma contradição coração