Canto para não falar Canto para não me calar Eu canto para expulsar E canto pra'ra depois deixar entrar Canto à solidão e à força da multidão Eu canto ao amor e a quem não corresponde também Tenho no canto a vida, e na morte a inspiração Tenho a vida no canto, e a sorte de sentir paixão-xão-xão-xão Canto para ti e canto por nós Canto em surdina e canto em alta voz Canto pelos outros que cantaram sós Para emocionar, para impressionar Para agradar, para me afirmar Canto por instinto e leve erudição Canto por vocação, por não ter outra senão Canto por paixão e canto por ambição Canto sem qualquer razão, vai caindo a afinação Canto o ar do pulmão, com o bater do coração Canto à inocência de crescer E à angústia de envelhecer Ao vazio que ninguém quer ouvir Ao arrepio que em tua pele vi surgir Tenho no canto a vida, e na morte a inspiração Tenho a vida no canto, e a sorte de sentir paixão Tenho no canto a vida, e na morte a inspiração Tenho a vida no canto, e a sorte de sentir paixão-xão-xão-xão