Sou a voz que vem do gueto No carnaval sou mais um filho do Salgueiro Quando o tambor ecoar no toque do alujá Meu paraíso, quem quiser pode chegar Eu vi brilhar No éden o portal da imaginação A liberdade foi a tentação Provei o fruto proibido Além do infinito encantado Vaguei no meu delírio encarnado Dançar na ilusão foi o abrigo A minha verdade não teme castigo Quem diz o que é certo ou errado? Diante do espelho ninguém é juiz Maldade tá nos olhos de quem vê Será pecado esse meu jeito de viver? Nos rogam a paz em nome da morte Nos jogam à própria sorte Meu samba tem amor e rebeldia O morro armado de poesia Segue em procissão a redenção Do povo sem medo A força que vence o não Na fantasia de cada enredo Livre do peso da cruz Todo excluído tem a sua luz Salgueiro o teu vermelho diferente Reflete a alma dessa gente de pele retinta Sambista, artista, poeta Me chamam profeta Joãozinho Trinta