Você que não é louco Conta pra mim um pouco Sobre o mundo que você vive Sobre essa sanidade Que não te permite Como é falar de amor E ter vergonha de rimar com dor Que horror, ver você assim Morrendo calado Com o coração apertado Como um louco, como um ator Como alguém que se finge Sociável, esfinge indecifrável E não encontrou o amor Conta pra mim Sobre seu micro instante célebre Fugaz, o tempo célere Que te faz correr atrás Como quem tomou um choque elétrico E se confinou em próprio cárcere E nem seu nome lembra mais Conta pra mim Como é deixar de ser criança Insistir no cálculo Da probabilidade da esperança Esperar sentado Pelos bons ventos da mudança Como se a tempestade Não fosse palco para a bonança Conta pra mim Sobre o que falam tuas vozes Na tua cabeça, teus medos, teus algozes Que te mantém numa prisão imaginária Nunca tentaste a direção contrária? A mente livre, clara e expandida Nunca retorna ao ponto de partida Conta pra mim Quem é teu mestre, teu escravo Adormecido instinto refratário Que não vê bem com o coração Não questiona o status quo O vil metal sua ambição Conta sobre ser louco o suficiente Para flertar com a liberdade Sobre a dona da verdade Que te enche de mentiras E te coloca numa estante Como um troféu de sua rotina Conta pra mim Sobre a livre iniciativa A liquidez, o consumo e o lucro Quanto mais rico eu fico Mais pobre fico junto Os zeros à direita Me matam de orgulho Conta pra mim Sobre a insônia A agonia de permanecer calado O que você toma pra tentar dormir E o que você engole todo dia Pra se manter empregado Conta pra mim Quem é louco nessa história Quem não enxerga um palmo Diante do nariz Sobre ser ou não ser um normal E não ter a vergonha De ser feliz!