Dois irmãos juntos nasceram
Mesmo sangue, mesma cara
João, irmão mais velho
Sempre de poucas palavras
José, irmão mais novo
Ousadia não faltava

Num dia raro e caudaloso
Ninguém sabe por quê
Uma briga, uma disputa
Ninguém sabe dizer

João, esbravejou fortes verdades
Esqueceu que quem semeia vento
Sempre colhe tempestade

José, sempre tinha uma resposta
Esqueceu que em boca fechada
Não se entra mosca

Dois irmãos que se amavam
Nunca mais dali se viram
Laços que se arrebentaram
Vidas que se dividiram
Tantos anos se calaram
Seus lamentos não se ouviram
Um riacho os separava
Um lago lindo, radiante
Cada um morando ao lado
Tão perto e tão distante

João, todas as manhãs pensava
Da janela a outra margem via
Será que daria?

José, o orgulho era forte
Mas, do seu jardim, ele via
Será que podia?

João, que em tudo sempre foi o primeiro
Contratou um Carpinteiro
Pra erguer uma cerca alta
Se escondendo de sua outra metade
Separando as duas margens
Com madeira fosca

Mas o velho Carpinteiro
Quis mudar aquela sorte
Ao invés de erguer a cerca
Ele construiu uma ponte
Ligando as duas margens
Com as tábuas mais fortes

Mas quando voltou o irmão mais velho
Cadê a minha a cerca?
O Carpinteiro apontou
Abra os olhos e veja

João, viu o irmão parado em pé
Sobre aquela ponte tão firme
Será que atravessaria?

José, pôs um pé sobre a ponte
Deu o primeiro passo da caminhada
Será que o irmão viria?

No meio da ponte se encontraram
Sem saber o que lhes movia
Um abraço em silêncio propuseram
Que lindo aquele dia
O Carpinteiro virou as costas e se foi
Sua missão ali se cumpria

Só quem já sofreu um desencontro
Sabe a dor que se sente
Só quem viveu um reencontro
Viu a alegria frente a frente