"Deve ser rapaz, Um menino, um ato divino Um gesto sem par Repousa em mim Inquieto, tanto afeto A se dedicar Pro que vem chegar Deve ser rapaz, Um menino e a cada atino Um festejar Desvenda a cor, A forma, o gosto, Um rosto a se orgulhar Da vida que há Em tão pequeno ser Me faz imaginar Uma bola, um carrinho, Um cachorro por banhar Serei herói Pra todo vilão que enfrentar Não hei de esquecer das armações Castigos que terá Hei de admitir Serei comparsa em muitas que armar É tal revolução que consta em mim Só de esperar Todo eixo que eu devo ter Deve se partir ou se perder Deve desistir de si Revogar Uma miniatura Um bebê Algo que me enche de prazer Uma alegria que eu não sei disfarçar Eu aguardo um presente, um dom Um princípio, um início, um nascer Não sei da razão Mas, na minha impressão, Uma menina linda há de ser Já seguindo esse intuito meu Vejo tudo em rosa bebê O berço, a banheira, O lençol, mamadeira Uma menina linda há de ser Não há repressão Que possa omitir O que pulsa, o que paira no ar Tão bem me acolheu Um ventre só meu Só nosso onde eu posso Assistir o meu recriar, Recriar Já não sei conter O meu sorriso a imaginar Noites de natal, Aulas de ballet, Embalando uma boneca a me imitar As histórias antes de dormir Te cobrir, te fazer sonhar Se acaso teu primeiro amor Te magoar Se houver uma ferida Uma tristeza na vida, ela passa Vou fazer passar Todo erro que esse mundo traz Eu posso reparar"