Construí um corpo feito de silêncio
Costurei as fendas com segundas chances
Guardei meu coração num baú de vidro
Na esperança de que ninguém visse os danos

Você tocou minha dor como se fosse sagrada
Disse que nunca quebraria o que é frágil
Mas o amor é um bisturi quando é honesto
E você gravou seu nome dentro de mim

Agora sangro, verso por verso
Cada linha, um pouco mais pesada
Você choveu sobre mim como uma prece
E me deixou com o sangue aos seus pés
Não estou curando, só me desfaço
Não estou curando, só sou vazio
Ecos preenchem o espaço que você tomou
Este manequim ainda está de pé
Mas o coração não volta a bater

Tentei pintar por cima da ruptura
Com canções que soavam como despedida
Mas cada nota só rachava a superfície
E deixava a verdade escorrer devagar

Você disse que a dor torna a arte eterna
Mas eu nunca fui feito para exposição
Fui feito para sentir, não para ser visto
Enquanto minha alma doía em pele acinzentada

Agora sangro, verso por verso
Cada linha, um pouco mais pesada
Você choveu sobre mim como uma prece
E me deixou com o sangue aos seus pés
Não estou curando, só sou vazio
Ecos preenchem o espaço que você tomou
Este manequim ainda está de pé
Mas o coração não volta a bater

Se algum dia você voltar
Não bata no vidro
Não é silêncio, é um grito
Que esqueceu como pedir

Então seguirei sangrando, verso por verso
Até que a tinta se acabe ou doa demais
Isto não é arte, é o que restou
E eu sou a moldura que você invadiu