Biografia de Milton Nascimento: a história de um dos maiores nomes da MPB
Conheça a trajetória de um dos grandes personagens da música brasileira nesta biografia de Milton Nascimento.
A biografia de Milton Nascimento é marcada pelo talento reconhecido nacional e internacionalmente, parcerias diversas e legado sólido ao longo dos anos.
Apesar de nascido no Rio de Janeiro, Milton é mineiro de coração e levou todas essas nuances em um repertório inovador para o mundo todo.

Nesse sentido, consolidou sua carreira e se tornou uma das vozes mais importantes da história da MPB, conquistando prêmios e influenciando outros artistas.
Para celebrar sua trajetória, listamos curiosidades sobre Milton Nascimento, sua vida e como ele elevou a música brasileira a outro patamar. Vem com a gente!
Qual a história de Milton Nascimento?
A história de Milton Nascimento tem início em uma favela da Tijuca, no Rio de Janeiro. Milton Silva Campos do Nascimento foi abandonado pelo pai e criado pela mãe, empregada doméstica.
Porém, antes mesmo de completar dois anos, ele ficou órfão da mãe e foi levado para viver com a avó, em Minas Gerais. Assim como sua mãe, a avó também era empregada doméstica e trabalhava na casa da professora de música Lília Silva Campos.
A professora não conseguia ter filhos e se afeiçoou a Milton, propondo uma adoção. Assim, sua avó concordou, desde que pudesse continuar a vê-lo e que ele seguisse com seu nome de registro.
Como resultado, Milton mudou-se para Três Pontas e permaneceu como filho único até que a família adotasse seus irmãos e também tivessem uma filha biológica.
Ainda criança, foi apelidado de “Bituca”, por fazer bico quando era contrariado. O apelido continuou na fase adulta e o acompanhou ao longo da carreira.
Por influência da mãe, ele começou a se interessar por música e, logo aos quatro anos, ganhou sua primeira sanfona. Anos depois, aos 13, foi crooner do grupo musical de baile de Três Pontas e de lá não parou mais.
Assim, ao investir na carreira, Milton não quis ter filhos, teve um casamento anulado e não se casou mais, vivendo sozinho até 2005.
Bem como em sua história, ele adotou seu filho Augusto, aos 13 anos de idade, que vivia em Juiz de Fora. O artista já afirmou que seu filho é o maior presente que recebeu. Inspirador, não é?
Início da carreira musical
Falar de Milton Nascimento é também falar de Clube da Esquina. Afinal, foi junto ao grupo que ele criou álbuns memoráveis para a música nacional. Inclusive, o projeto lendário ganhou o prêmio de melhor disco brasileiro de todos os tempos.
Mas se engana quem pensa que sua carreira musical começou direto no Clube da Esquina. Após a atuação como crooner, Milton flertou com a formação do grupo Som Imaginário – banda que o acompanhou posteriormente – ao lado do amigo Wagner Tiso.
Em seguida, eles se uniram aos irmãos de Wagner, Wesley e Wanderley, formando os W’s Boys. O grupo se apresentava em bailes de Três Pontas.
Porém, Bituca não parou por aí. Em 1962, ele gravou Barulho de Trem, sua primeira canção profissional.
No ano seguinte, seguiu rumo a Belo Horizonte para estudar Economia, mas a paixão pela música falou mais alto e moldou o seu destino.
Foi numa esquina de BH que o histórico grupo nasceu: o ponto de encontro entre as ruas Paraisópolis e Divinópolis.
Em 63, Milton se mudou para o Edifício Levy, onde a família Borges vivia. Assim, ao descer a escadaria do prédio para ir comprar pão, Lô Borges ouviu Bituca tocando. Nascia ali uma amizade, não somente com Lô, mas também junto aos irmãos Marilton e Márcio, fundamentais nas futuras composições.
Dessa forma, a parceria deu tão certo que logo Milton, Lô e Márcio se uniriam a Wagner Tiso, iniciando a formação. Além disso, os amigos Fernando Brant, Nivaldo Ornelas, Toninho Horta e Paulo Braga também se juntariam, nascendo o Clube da Esquina.
O conceito partiu da ausência de orçamento para frequentar as festas da cidade e a união dos jovens na tal esquina para vivenciar a música.
Clube da Esquina: um capítulo à parte na biografia de Milton Nascimento
Apesar da união ocorrer em 63, foi somente nos anos 70 que a banda lançou seu primeiro LP, o duplo Clube da Esquina.
Além da capa inspiradora para os artistas atuais, o álbum conta com canções como Paisagem na Janela e Um Girassol da Cor de Seu Cabelo.
Como resultado dessas canções, o grupo se tornou reconhecido como um movimento tão importante quanto foi a Tropicália.
Anos depois, após o lançamento do primeiro álbum, Flávio Venturini e Murilo Antunes se juntam aos demais, quando divulgaram o Clube da Esquina 2.
Ao contrário do primeiro trabalho, que propunha inovações musicais, o segundo disco aposta em um lado mais melódico. Nesse sentido, inclui as canções Maria Maria e Nascente, regravadas por diversos artistas, como Legião Urbana.
Quais são as obras representativas de Milton Nascimento?
Não foi apenas ao lado do Clube da Esquina que Bituca fez sucesso. A biografia de Milton Nascimento é composta por mais álbuns importantes, parcerias de peso e músicas que se tornaram hinos.
Nesse sentido, sua discografia é marcada por mais de 40 discos. Entre eles, destacam-se Minas e Geraes, que, apesar de lançados em anos distintos, apresentam uma sinergia de sonoridades.
O primeiro deles, Minas, apresenta canções emblemáticas, como Paula e Bebeto, Fé Cega, Faca Amolada e a melódica Ponta de Areia.
Já o álbum Gerais traz parcerias com Chico Buarque nas músicas O Cio da Terra e O Que Será? (À Flor da Pele).
Indo além desses dois álbuns citados, estão entre suas famosas obras Caçador de Mim e Nos Bailes da Vida. A última é em parceria com o Roupa Nova, banda de quem Milton é padrinho.
Nesse sentido, ele construiu uma relação de apadrinhamento não só com o grupo, mas com artistas como Maria Rita. Depois de participar do álbum Pietá, a filha de Elis Regina também gravou Encontros e Despedidas com Milton Nascimento.
Por fim, Coração de Estudante – hino do movimento Diretas Já – e Canção da América, usada como homenagem a Ayrton Senna, merecem destaque.
Dentre as colaborações internacionais, estão artistas renomados, como Wayne Shorter, Pat Metheny, Bjork, Peter Gabriel, Duran Duran, Herbie Hancock e Quincy Jones.
O legado fora dos palcos
Faz parte de quem é Milton Nascimento sua atuação fora dos palcos, onde ganhou títulos e contribuiu para o ensino da música.
Nesse sentido, o artista recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Estado de Minas Gerais. Ademais, recebeu a mesma nomeação pela Berklee College Music, dos Estados Unidos.
Mais do que premiações, Milton inspirou a Bituca – Universidade de Música Popular, criada pelo Ponto de Partida, com Ian Guest como um de seus mestres.
Vencedor de cinco Grammys, foi tema de escola de samba e compositor da trilha de um dos filmes de Ruy Guerra, onde também atuou.
Laryssa Costa
Jornalista, também graduada em Letras e com especialização em Música e Negócios. Amante e pesquisadora da música, viciada em shows e biografias. Escreve para o Cifra Club desde junho de 2021.