Que lembrança darei ao país que me deu
Tudo que lembro e sei, tudo quanto senti
Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu
Minha incerta medalha, e a meu nome se ri
E mereço esperar mais do que os outros, eu
Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti
Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu
A vagar, taciturno, entre o talvez e o se
Não deixarei de mim nenhum canto radioso
Uma voz matinal palpitando na bruma
E que arranque de alguém seu mais secreto espinho
De tudo quanto foi meu passo caprichoso
Na vida, restará, pois o resto se esfuma
Uma pedra que havia em meio do caminho
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