Nunca fui o que quiseste
Fui sempre o que não gostavas
Deitei fora o que me deste
Pedi-te o que não me davas
Fui abraço de serpente
E beijo amargo limão
Fui um filho sem ser gente
Mão que é prego noutra mão
Fui promessa perdida
E rosto que não se encara
Dor que não chega a ser ferida
E até por isso não sara
Foi noites sem madrugadas
Cuidado sem aflição
Estamos de costas voltadas
Do berço ao caixão
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