Ser a dor, viver a dor, ser árvore
Envergar e jamais quebrar
Ser o choro, embriagar com cada lágrima
Ser retina, abrir o olhar e mareiar para limpar
Ser o sangue, viver o sangue, ser cinzas
Queimar e renascer do pó
Ser a água, embriagar com todo canto de mar
Ser raiz, entranhar com fluidez para encharcar
Enloucrescer pela dor e pelo amor
O horizonte é para quem tem veias abertas e poesia nos ossos
Mirar o sorriso do vento
Beijar os olhos da lua
Comer da memória
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