Medo
Sobretudo, eu tenho medo
De que algo se quebre e nunca mais volte a colar
Nem com cola forte, nem com o tempo
Sobretudo, eu tenho medo
Mas sobretudo, eu tenho medo

Dou um passeio comigo mesmo
Mas, de repente, não encontro mais nada
Algo se escondeu naquela criança
Que em mim brincava de se esconder

Eu ainda estou flutuando sem motivo
Tentando me encontrar, hora após hora
As semanas se amontoam
Como o fim do ano num abismo de pensamentos

Medo
Mas sobretudo, eu tenho medo
De nunca mais me encontrar de verdade
E mesmo que eu esteja aqui, estou cego a mim mesmo
Sobretudo, eu tenho medo

Mas sobretudo, eu tenho medo
De que algo se quebre e nunca mais volte a colar
Nem com cola forte, nem com o tempo
Mas sobretudo, eu tenho medo
Mas sobretudo, eu tenho medo

As imagens desse sonho
Eu as vejo em centenas de rostos bonitos
De todas as pessoas que me ouvem
Mas não escutam o que eu quero dizer

Eu nunca me encontrei de verdade
E por isso acredito numa descrição
Que as pessoas dão para preencher
Porque senão, quem eu seria, se não eu?
E eu tenho medo

Mas sobretudo, eu tenho medo
De que algo se quebre e nunca mais volte a colar
Nem com cola forte, nem com o tempo
Mas sobretudo, eu tenho medo

Mas sobretudo, eu tenho medo
De nunca mais me encontrar de verdade
E mesmo que eu esteja aqui, estou cego a mim mesmo
Mas acima de tudo medo
Mas sobretudo, eu tenho medo

Nunca emiti um julgamento sobre mim mesmo
E mesmo assim fico aqui, sem palavras
Olhando para todas essas florestas que caíram

E não ouso me mover dentro
Desse arranjo de flores perfeito
Pois poderia brotar uma sementinha
Que se rebelasse contra o meu eu

Medo
Sobretudo, eu tenho medo
De que algo se quebre e nunca mais volte a colar
Nem com cola forte, nem com o tempo
Sobretudo, eu tenho medo

Mas sobretudo, eu tenho medo
De nunca mais me encontrar de verdade
E mesmo que eu esteja aqui, esteja cego a mim mesmo
Mas sobretudo, eu tenho medo