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Cromatismo: uma introdução ao assunto para começar a usar

Aprenda o que é cromatismo e como usá-lo com um guia completo sobre o tema!

A música possui uma grande gama de recursos expressivos. Esses recursos ajudam a moldar a forma do discurso musical em seus aspectos melódicos, harmônicos e, muitas vezes, até rítmicos. Na música ocidental, um dos recursos mais populares ao longo dos séculos é, sem dúvidas, o cromatismo.

Estudante de teclado com a mão esquerda no instrumento e fazendo anotações em um caderno com a mão direita
Você sabe o que é cromatismo? (Foto: Reprodução/Freepik)

O cromatismo é um recurso expressivo que tem sido abordado, possivelmente, desde a Grécia Antiga, mas, dentro da música ocidental, ganhou particular atenção na Renascença. Hoje, é amplamente usado não apenas na música clássica, mas também no jazz, no blues, na bossa nova e até no heavy metal.

Para entender o uso do cromatismo e suas nuances dentro do contexto tonal, é importante já ter um certo domínio de teoria musical. Isso porque, embora não haja uma regra máxima e inviolável, é um mecanismo que pode facilmente parecer banal e perder seu impacto expressivo.

O que é cromatismo?

De forma simples, o cromatismo é o uso de uma sequência de notas separadas por intervalos de semitom.

No piano, os semitons estão separados por teclas vizinhas. Ou seja, a cada tecla, temos a distância de meio-tom. Sendo assim, para formar uma escala cromática no piano, basta tocar cada uma das teclas em sequência, sem pular nenhuma.

Já no violão, os semitons correspondem às casas vizinhas de cada uma das cordas. Com isso, para executar uma escala cromática no violão, basta iniciar em uma corda solta e subir até a 12ª casa do instrumento na mesma corda. Lembrando que há outras maneiras de tocar escalas cromáticas no violão.

O que é semitom diatônico?

Semitom diatônico é aquele semitom que ocorre em consequência do padrão intervalar de uma escala diatônica. Por exemplo, na escala de Dó Maior, os semitons diatônicos são Mi – Fá e Si – Dó. Já na escala de Mi Maior, são Sol# – Lá e Ré# – Mi.

O que é semitom cromático?

Semitom cromático é qualquer semitom que não faça parte de uma escala diatônica. Por exemplo, na própria escala de Mi Maior, Lá – Lá# é um semitom cromático que, inclusive, pode ter repercussões na harmonia.

Qual a diferença entre escala cromática e escala diatônica?

As escalas cromáticas e as escalas diatônicas são dois tipos básicos de escalas musicais e que possuem as notas separadas por intervalos de segunda.

Entretanto, as escalas cromáticas possuem 12 notas separadas sempre por intervalos de segundas menores (semitom).

Já uma escala diatônica, é composta por sete notas separadas por intervalos que intercalam algum tipo de padrão de segundas maiores (tom) e menores (semitom).

E-book do Cifra Club sobre escalas musicais

Como usar a escala cromática?

O primeiro passo para utilizar a escala cromática é saber como formá-la. Para isso, basta escolher uma nota e preencher todos os semitons entre essa nota e sua oitava.

Importante reforçar que, na escala cromática ascendente, serão usados preferencialmente os acidentes que elevem a nota em meio tom. Já na escala cromática descendente, por convenção, se adotarão os acidentes que abaixem a nota em meio tom.

Por exemplo, em Dó:

Representação da escala cromática de Dó no pentagrama

Na partitura acima, é possível notar como a escala se inicia na nota Dó e vai subindo por semitons cromáticos usando sustenidos, elevando a nota em meio-tom (, Dó#, , Ré# etc.).

Já na parte descendente da escala, é possível notar o uso dos bemóis, baixando a nota em meio-tom (, Si, Sib, , Láb etc.).

Agora, tome como exemplo a escala cromática de Si bemol:

Representação da escala cromática de Si bemol no pentagrama

Esse exemplo serve para observar como a escala se inicia em Sib e essa nota é elevada em meio-tom pelo uso do bequadro, anulando o efeito do bemol e elevando o Sib para Si.

Na parte descendente, observa-se novamente o uso dos bemóis para baixar as notas em meio-tom.

Vale esclarecer que, apesar das notas escritas serem “diferentes”, os sons são rigorosamente os mesmos. A isso, se dá o nome de enarmonia: quando duas notas possuem a mesma altura (por exemplo, Si e Dób, Láb e Sol#).

Como mencionado anteriormente, existem diversas formas diferentes de utilizar o cromatismo, e a verdade é que não há uma regra absoluta.

O cromatismo é uma ferramenta de expressão, e seu uso está a critério do compositor (e até do intérprete). A dica é ampliar sua bagagem musical e mapear diferentes usos desse mecanismo.

Cromatismo na melodia

Já te contamos que o cromatismo vem sendo usado como mecanismo expressivo há séculos. Um exemplo é este trecho do Laudate Dominum, do compositor italiano Claudio Monteverdi (1567-1643).

Perceba como a melodia mais aguda, executada por um violino, realiza uma progressão cromática descendente desde a nota Sol até a nota Dó. Interessante notar o uso da técnica da imitação, também utilizando cromatismo, cantado uma quinta justa abaixo pelo Tenor.

Na música popular, também é comum encontrarmos movimentos de aproximação cromática. Por exemplo, a canção It’s Been A Long, Long Time, interpretada por Kitty Kallen.

Preste atenção no movimento cromático quando ela canta “it’s been a long, long time“, em notas longas. Também é possível ouvir o mesmo trecho no início da canção, executado no trompete.

Os dois exemplos acima estão em tonalidade maior. Um outro exemplo de uso melódico da aproximação é o riff inicial da icônica Master Of Puppets, do Metallica.

O cromatismo também pode ser usado dentro de um arpejo, para atrair outra nota dentro do próprio arpejo ou que pertença ao próximo acorde.

Como no exemplo abaixo, da peça Velha Modinha, do compositor brasileiro Oscar Lorenzo Fernández. Perceba como, logo no primeiro compasso, a nota A#, fora da tonalidade, aparece para criar a expectativa pela nota Si no compasso seguinte.

Cromatismo na harmonia

Existem várias formas de utilizar o cromatismo na harmonia, independentemente da melodia utilizar ou não o recurso. Alguns casos são mais óbvios, e outros mais sutis.

Um dos casos mais claro de cromatismo está nos chamados acordes de aproximação cromática. Esses acordes são muito usados na música popular para preencher o espaço entre dois acordes diatônicos.

Os acordes de aproximação cromática devem estar meio-tom acima ou abaixo do acorde que antecedem e devem manter a mesma estrutura.

Por exemplo, dentro de uma progressão em Dó Maior (C | Dm7 | G7), podemos utilizar dois acordes de aproximação cromática com estruturas diferentes: C Ebm7 | Dm7 Ab7 | G7.

Outra possibilidade de acordes cromáticos, muito usada tanto na música popular quanto na erudita, é o encadeamento de acordes diminutos cromáticos entre um acorde e sua resolução.

Por exemplo, neste trecho de Graúna, de João Pernambuco, o encadeamento harmônico é o seguinte: E7 | C#º | | Bbº A7.

Existem ainda outras formas de usar cromatismos dentro da harmonia, como com o uso de dominantes individuais, dominantes substitutas, outros usos de acordes dominantes etc.

Aprenda mais sobre teoria musical!

Recursos como o cromatismo possuem incontáveis aplicações dentro da música e podem servir para aprimorar suas habilidades de composição, análise, compreensão, improvisação e interpretação.

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Bons estudos e até a próxima!

Curso de teoria musical do Cifra Club Academy
Foto de Marco Teruel

Marco Teruel

Marco Teruel é músico e violonista, com mestrado pela USC Thornton School of Music (EUA) e doutorado em música pela UFMG. Seus interesses musicais incluem o repertório do violão clássico, a música dos séculos XVI e XVII, a música brasileira e o heavy metal.

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