[Parte I: Dança com o Demônio]

Uma vez conheci um cara cujo nome verdadeiro era William
Sua principal preocupação era fazer um milhão
Ser o traficante mais foda que o mundo já viu
Nos sonhos dele, transava com estrelas de cinema e cheirava cocaína
Uma mente jovem e corrompida aos treze anos
Ele nunca teve um pai e sua mãe era uma viciada
Ela largou o cachimbo, mas pra cada ano que ficou sóbria
O coração do filho dela foi ficando simultaneamente mais frio
Ele começou a andar por aí, vender produtos roubados na quebrada
Dar em cima das novinhas, caçar uns furtos fáceis
Ele era fascinado por objetos materiais
Mas entendia que o dinheiro nunca ia comprar respeito
Ele construiu uma reputação porque conseguia traficar e roubar
Mas foi preso uma vez, não perdeu tempo e começou a se gabar
Por isso, os criminosos da cadeia não respeitavam ele
Cê vê, eu e os caras desse tipo nunca fomos iguais
Eu não projeto minhas inseguranças nas outras pessoas
Ele queria ter respeito igual os viciados querem cachimbos e agulhas
E por isso ele sentiu que tinha que provar pra todos que era perverso
Um jovem de mente fraca com potencial infinito
O produto de uma mente capitalista criada na favela
Coincidentemente, largou a escola pra vender drogas
Dançando com o Demônio, fumou até seus olhos ficarem vermelhos
Mas se cansou de vender a verdinha, então se entregou à ganância

Todo mundo que quer ser bandidão nunca encara as consequências
Cê provavelmente ficou preso só um mês por crimes menores
Mas pergunta pra quem tá lá cumprindo prisão perpétua
Mas, por outro lado, sempre têm os perversos que já sabiam sobre
Dançar pra sempre com o Demônio numa cela gelada da prisão
Mas é isso que acontece quando cê estupra, mata e vende drogas
O Demônio era um anjo de Deus antes de cair de lá de cima
Não tem diversidade porque estamos queimando no caldeirão

Por isso, Billy começou a roubar os caras, qualquer coisa mesmo
Pra conseguir de volta o respeito aos olhos da sua gangue
Começou a brigar por coisas idiotas lá na quebrada
Pulou de nível, começou a vender crack pras mães e irmãos
Trabalhou a mais pra dominar o ponto de crack da quebrada
Tirou a sorte grande, foi aí que passou a vender cocaína
Realizando a fantasia do Scarface presa no seu cérebro
Cansou dos caras da quebrada tratarem ele do mesmo jeito
Ele queria ser um criminoso dos bons, do tipo que corta gargantas
Mas quando ele tentou ser melhor que eles, ninguém teve dó
Falaram que qualquer filho da puta covarde conseguia traficar
Qualquer cuzão com uma arma pode meter bala e matar
Qualquer um com uma camisa vermelha pode fingir que é Blood
E até o Puffy matou um filho da puta lá na boate
Mas só um bandido de verdade pode esfaquear até matar
Ficar frente a frente dessa pessoa, olhar no fundo dos olhos
Billy percebeu que esses homens eram bem protegidos
E que queriam testar ele antes do negócio começar
Sugeriram estuprar uma mina pra provar que era durão
Então agora ele tinha a escolha de voltar pra sua vida
Ou fazer grana com os homens do topo da pirâmide
Seus sonhos com carros e joias fizeram ele concordar
Um cara da pesada é tudo que ele queria ser
Então, eles se encontram sexta à noite, às quinze pras três

Todo mundo que quer ser bandidão nunca encara as consequências
Cê provavelmente ficou preso só um mês por crimes menores
Mas pergunta pra quem tá lá cumprindo prisão perpétua
Mas, por outro lado, sempre têm os perversos que já sabiam sobre
Dançar pra sempre com o Demônio numa cela gelada da prisão
Mas é isso que acontece quando cê estupra, mata e vende drogas
O Demônio era um anjo de Deus antes de cair de lá de cima
Não tem diversidade porque estamos queimando no caldeirão

Eles andaram pelas quebradas bem devagar enquanto chovia
Fumando uns baseados, bebendo e contando piada pra distrair
Até que eles viram uma mulher na rua, andando sozinha
Três da manhã, voltando do trabalho, a caminho de casa
E então silenciosamente eles saíram do carro e seguiram ela
Caminhando nas vielas, a escuridão engoliu ela
Eles enrolaram a camisa dela na cabeça e a derrubaram no chão
É agora, moleque, agora é a sua chance de ser foda
Então, Billy segurou forte e agarrou a garota pelos cabelos
E arrastou ela até um saguão onde não tinha ninguém
Ela lutou, mas eles a forçaram a subir as escadas
Eles chegaram na laje e prenderam ela no chão
Gritando: Cala a porra da boca e para de se mexer!
A blusa cobria o rosto dela, mas ela gritava e arranhava
Então o Billy pisou no rosto dela até quebrar a mandíbula
Os bastardos imundos sabiam exatamente o que faziam
Chutaram ela até quebrarem as costelas e ela parar de se mexer
Sangue vazando através do tecido, ela chorou silenciosamente
E então todo mundo começou a estuprar ela violentamente
Billy tinha que ser o primeiro, mas cada um teve sua vez
Rasgando e sufocando ela até a sua garganta queimar
Sua mandíbula quebrada chamava Deus, mas eles não se preocuparam
Quando eles acabaram e ela tava lá no chão, ensanguentada, toda machucada
Um deles puxou uma pistola calibre 22 novinha
Eles falaram que ela era uma testemunha do que tinha acontecido
E se matassem ela, era garantido um lugar na gangue
Ele pensou por um minuto, ela tava praticamente morta
Então, ele se inclinou e apontou a arma pra cabeça dela

Eu tô caindo e não tem como voltar atrás
Eu tô caindo e não tem como voltar atrás

Antes dele puxar o gatilho e acabar com a vida dela
Ele pensou na cocaína com as joias e diamantes
E se sentiu forte ao lado dos seus novos irmãos
Colocou a pistola na cabeça e tirou a blusa da cabeça
Mas o que viu fez ele começar a ter medo e gaguejar
Porque ele tava olhando no fundo dos olhos da sua própria mãe
Ela olhou pra ele de volta e chorou, porque ele tinha se esquecido dela
Ela chorou mais dolorosamente do que quando estavam estuprando ela
O mundo inteiro dele parou, ele não conseguia nem imaginar
Com sucesso, sua corrupção tinha mudado o seu destino
E ele lembrou de como sua mãe costumava chegar tarde em casa
Trabalhando duro em vão, porque, agora, o que ele valia?
Ele se afastou da mulher que tinha lhe dado à luz
E chorou, olhando pro céu, sozinho e com medo
Mas só o Demônio respondeu, Deus não estava lá
E na mesma hora ele soube o que era ser vazio e frio
E por isso ele pulou do telhado e morreu, só que sem alma
Eles dizem que a morte te leva pra um lugar melhor, mas eu duvido
Depois disso, eles mataram a mãe dele e nunca mais falaram disso
E, escuta, porque essa história que tô contando é verdadeira
Porque eu tava lá com o Billy Jacobs e também estuprei a mãe dele
E agora o Demônio me segue em qualquer lugar que vou
Na verdade, com certeza ele tá no meio de vocês, nos meus shows
E em cada uma dessas rimas, ouvindo os bandidinhos repetirem
Ele pode tá até do seu lado e você não iria perceber
O Demônio cresce dentro do coração dos egoístas e perversos
Seja branco, latino, negro, amarelo, não tem restrição de cor
Cê tem um destino autodestrutivo quando é atingido
E será um dos filhos de Deus que caíram lá de cima
Não tem diversidade porque estamos queimando no caldeirão
Então, quando o Demônio quiser dançar contigo, melhor dizer: Nunca
Porque dançar com o Demônio pode durar a eternidade

[Parte II: Eu]

Ah, cês pensaram que tinha acabado, né, seus filhos da puta?
Bem, não acabou
Cês não esperavam que um anjo caído, longe da graça de Deus, viria atrás de vocês
Cês não são porra nenhuma, seus produtores não são porra nenhuma
Seu departamento jurídico não é porra nenhuma
Eu vou limpar minha bunda com todas as suas propostas
Ei, Diabolic, estoura a cabeça desses filhos da puta

Vai em frente e pega sua arma
Vou quebrar o dedo que cê puxa o gatilho em seis lugares
Cê vai precisar de uma agulha de hipotermia pra aguentar
Eu vou ver cê cair duro no chão
Pode guardar seus anéis e partir pra cima
Não sabe rimar, é maluco, pirado total
Debaixo da superfície
Tô superaquecendo seus circuitos receptores
Enquanto libero versos mais sombrios que as pregações dos padres
O que cê prega não vale de nada
Sua adoração vence o propósito
Igual o Presidente Bush levando a culpa pelo Serviço Secreto
Muito além do que cês imaginam, eu mato e espanco até gatos
Não mostro compaixão, é igual ter um orgasmo sem expressões
Boto pra foder, faço a mina dele mamar o pau do meu amigo
Enquanto isso, cê pode beijar o cano dessa arma aqui
Diabolic, uma brigada de um homem espalhando a praga do câncer
Metendo o murro na cara de um cuzão, segurando uma granada de mão
Então, se eu te pegar mentindo, viado, cê vai virar pó
Eu precisava desabafar e tirar essa porra do meu peito

Filhos da puta, cês não são nada, não podem me machucar
Eu vou ressuscitar em cada bebê abortado e começar um exército
Invadir o planeta, te caçar, porque tô numa missão
De partir seu corpo em um bilhão de organismos unicelulares
O Immortal Technique vai destruir sua religião, sua puta burra
Cê é mais falsa do que aquela versão de Jesus de olhos azuis
Tô prestes a explodir, igual os circuito integrados da NASA Challenger
A linguagem do arsênico foi transmitida de forma revolucionária
Sou igual o tempo, vou te matar inevitavelmente
Bombardeio químico, que se foda usar uma arma
Sou Illmatic, cê não vai chegar em casa, igual à sobrinha do Jerome
Eu vou cortar sua cabeça na diagonal por pensar em me desrespeitar
E depois usar seu cadáver pra escrever meu nome na caligrafia
Essa democracia de fantoches fez uma lavagem cerebral na sua psicologia
Por isso, cê é inútil, igual à diversidade sem igualidade
E a sua gangue tem mais viados do que a mitologia grega
Usando numerologia pra contar as pessoas que mandei pro Céu
Produz mais dígitos do que vinte e dois dividido por sete
Cê é igual o Kevin Spacey: Seu estilo é geralmente suspeito
Cê nunca matou um policial, cê ainda não é um bandido
Sua mente é vazia e espaçosa
Igual à parte do seu cérebro que gosta da cultura de um racista
Encara a realidade, cê é muito básico, nunca vai fazer a diferença
Igual às crianças que andam peladas pela Antártica