Ela carregava sua fé no fundo do peito
Ele encarava o mundo como uma busca por xeque-mate
Ela encontrava graça em cada sinal
Ele enxergava dúvida em cada linha
Duas mentes afiadas como luzes de um farol
Dois corações valentes, cientes das suas verdades
Um dizia amém, o outro talvez
Mas ambos sabiam quando cessar as palavras

E quando a atmosfera esquentava
Vinha uma piada, uma pausa para o café
Eles riam não importando a gravidade
Como quem sabe como a fé funciona

Concordando em discordar
É uma maneira inteligente de ser livre
Cada crença e descrença
Se encaixando no mesmo espaço, sem pesar
Sem farpas no debate
Duas verdades em que eles navegavam
E no limiar desta amizade
Escolheram celebrar

Ela encarava o mundo com destemor
Ele zombava até de si mesmo
Mas nunca moldavam suas palavras em guerra
Construíram uma ponte para algo além
Ele dizia: É tudo especulação
Ela sorria: É onde reside a esperança
E quando a conversa começava a pesar
Brincavam feito crianças numa garoa de um dia ensolarado

Ela brincava: Você vai queimar no inferno, sabia?
Ele debochava: Só se for de tanto rir
Mas lá no fundo, ambos sabiam
O quão bom era não precisar estar certo

Concordando em discordar
É uma maneira inteligente de ser livre
Cada crença e descrença
Se encaixando no mesmo espaço, sem pesar
Sem farpas no debate
Duas verdades em que eles navegavam
E no limiar desta amizade
Escolheram celebrar

E algum dia, quando ela disser: Aceito
Ele olhará por tal aliança dali em diante
Com um discurso doce e sagaz
E lágrimas por trás de cada alegre despedida

Concordando em discordar
É uma dádiva que poucos verão
Mas eles mostraram que pode ser real
Conviver com corações fervorosos
Entre os céus e a razão
Encontraram um terreno neutro
Mais forte que o certo ou errado
Que eles simplesmente chamam de discernimento