Sem piedade
Sem piedade

Não uso coroa, não tenho o que reivindicar, sem piedade
Ainda que tudo o que resta ainda sussurre meu nome
O mármore rachou
Mas eu fiquei para ver bem de perto

Eles ergueram seu mundo sobre crenças vazias
E o drenaram até o fim para saciar seus desejos
Mas a rocha lembra o que eles temem
E eu ainda caminho pelas cinzas daqui

Eu não me ergui por aplausos
Ou mesmo dancei conforme suas leis retrógradas
Fiquei de pé quando a glória evaporou
E governei porque era preciso

Que os outros corram atrás de tronos de vidro
Eu aprendi a construir sobre o passado destruído
Minha voz está gravada em cada parede
Não pela ascensão (mas pela queda)

Nenhum tribunal decretou quem me tornei
Escritura alguma deu significado à minha existência
Mas as ruínas me ensinaram como reinar
Sem coroa e sem correntes

Sou rainha do que sobreviveu
A chama que caminhou quando ninguém veio
Sem ouro, sem trono, sem santos para abençoar
Apenas a verdade trajada para guerrear
Me descartaram ardilosamente
Mas sou aquela que não podem negar, sem piedade

Sou a rainha de cada cicatriz
A que se manteve quando os deuses partiram
Certa vez coroaram meu silêncio com fogo
Mas agora também eu falo e eles se curvam
Nenhum reino restou, nem máscara ou mentiras
Ainda assim eu ascendo

Sem piedade