Houve uma mão que segurou a faca
E houve a minha — que a puxou com força
A ferida foi profunda, mas a confiança também
Agora ambas estão enterradas na poeira

A voz que implorou por luz
E fui o silêncio vestido de branco
Me coroaram pura, me fizeram ficar
Depois me assistiram definhar, então desviaram o olhar

Não há justiça imaculada ou pecado isolado
A lâmina mais afiada nasce do cerne
Sangrei a verdade sob o olhar deles
E aprendi a viver nas labaredas

Eu sou a ferida!
Aquela que escolheram esconder
A lâmina que forjaram com cada mentira
Nem santa, nem maldita, nem fugitiva
Apenas o que resta quando a luz se apaga
Me deram aço e batizaram de destino
Mas eu me tornei a ferida e a lâmina

Vi minha sombra carregar seus nomes
Cada cicatriz, um santuário para quem restou
Incurada
Incompleta
Mas forjada para resistir
Uma verdade quebrada, mas em mãos firmes

Nenhuma misericórdia me acolheu nos braços
Apenas silêncio envolto em amuletos sagrados
Mas a dor virou meu credo silencioso
E eu sobrevivi à tal crença

Eu sou o fôlego por trás da chama
O eco envolto em dor fantasma
Escreveram seu veredito em meu rosto
Mas não se pode matar aquilo que não deixa rastro
Sem paz, sem guerra, sem máscaras
Apenas eu, a ferida, a lâmina