Meus pais trabalhavam à noite
Me deixava aos cuidados do meu avô
Que eu tinha como herói e não babá
Isso mudou quando eu dormir lá
Tudo começou aos meus 12 anos
Eu era um garota, cheia de planos
Bastava todos irem dormir
Pra mim era o terror pro meu avô se divertir
Começava os abusos, a repressão
A amargura dominava o meu coração
Lágrimas desciam com a minha inocência
Adeus, para a minha adolescência
Tomei coragem e um dia, eu contei
Pra minha colega de sala de aula
Ela contou pra nossa professora
Que me deu a chave pra sair da jaula

Traumas na alma
Prisão perpétua
Lágrimas caem
Sem dar trégua

Fui instruída a gravar a cena
Só depoimento não ia dar em nada
Justiça não interpreta afeição
Só provas cabais e papelada
As luzes se apagaram lá vem, o terror
Tocou na maçaneta, o velho estuprador
Ciente e consciente do ato extremo
Patologia nada, depravado mesmo
Foi quando aprendi que laço sanguíneo
Não é sinônimo de proteção e carinho
Coloquei o smartphone de modo estratégico
Será que hoje cessa o meu inferno?
Gravei a cena e dei pra professora
Que acionou os órgãos de ação protetora
Quando eu vi o nojento sendo preso
Eu já estava sem alma, vazia por dentro

Traumas na alma
Prisão perpétua
Lágrimas caem
Sem dar trégua

Quem poderia imaginar um velhinho
Com figura de homem bonzinho
Fazer essa abominação
Assim a vizinhança comentava de montão
Passei por psicólogos e peguei trauma
De quem em mim me tocava
Se um abraço como dizem trás cura
Pra mim uma lembrança, uma tortura
Adeus, a escola, a convivência
Solidão virou minha penitência
Qual o crime mesmo que eu cometi?
Com 3 anos de abuso, eu convivi
Meu carrasco alegou que estava
Me preparando pra ser adulta
3 minutos de prazer e uma vida perdida
Luxúria sem limite de uma má conduta

Traumas na alma
Prisão perpétua
Lágrimas caem
Sem dar trégua