Cruzei trilhas montanhosas sem fim
Atravessei rios, mas o vento não seca
As passagens que venci
Quando parti, não voltei mais
As pessoas que um dia abracei para sempre, claramente
Mesmo se eu esquecer de cortar, nada pode separar

Tomar a verdadeira essência, trocar o real pelo falso
A mente vaga como o vento, inquieta em seus pensamentos
No grandioso caminho e na vasta terra, o espírito ainda persiste
Alcançando a honra de mil eras, incontáveis seres lamentam

A história se compõe em canção
Tudo são encontros e desencontros
Quando a melodia vira canto, o maior temor é a mediocridade
Incontáveis seres e todas as coisas
Em sua origem, tudo nasce bom
Gravado no firmamento como um sonho

O herói é retratado
Num poema que só deixa amor e coragem
Se o poema for apenas palavra, pouco resta dito
Tristeza e alegria, o nosso destino
Sem amarras, corpo e céu
Não acolhidos pela terra, nem se importam

A carne se funde à terra, enterrando a traição
Os ossos queimados em cinzas tramam a desventura
O sangue se torna água e fumaça, tudo some naquele brado
O espírito se liga em solidão
E dali não mais brota
A dor no coração

A história se compõe em canção
Tudo são encontros e desencontros, a melodia torna-se canto
Não se admite a mediocridade
Incontáveis seres e todas as coisas
Originalmente todos se elevam
À bondade, gravada no céu feito um sonho

O herói é escrito em poesia
E só resta amor e coragem
Mesmo que o poema se faça palavra, não admite tristeza
Alegria, o destino teu e meu
Pois há sentimentos e desejos em meio ao céu e à terra
Sem resignar o coração, inconformados, eles foram
Contados em livros e canções sobre oitenta e uma provações

O viajante dos livros carrega tristeza e luz
O esplendor indaga se existe
Quem ousa romper
O vazio pleno que não mergulha na roda da reencarnação
Contemplando antigas lendas