Já desde criança vivia sonhando acordado
Como se flutuasse por planetas distantes
Imaginava-se vagando pelo universo
Viajando sozinho, montado num cometa

Olhavam pra ele como um bicho esquisito
A ovelha cósmica fora do aprisco
Mandavam ele focar, prestar atenção
E parar de pensar nessas coisas sem noção

Mas a mente dele tava num buraco negro
Brilhante e intenso como um grande astro
Como se fosse sugada por todo aquele desprezo
Conversando com Copérnico e Galileu

De Órion até o Cruzeiro do Sul
De Andrômeda à Ursa Maior
Na escola ele vivia reprovando, diziam que ele tava
Na Lua, sem prestar atenção

A vida nunca foi fácil pra ele, não (não-oh-oh-oh)
E a dura realidade às vezes o desmascarou
Perdido na própria constelação
A tristeza tomava conta do peito
Mas pior foi pro astrônomo que não podia ver o céu

Se escondia toda noite em sua própria galáxia
Já era um Skywalker por essência
Fugia da rotina como quem já cansou
Com a energia de E igual M C ao quadrado

Pra sua galera, aquilo era um tormento
No trabalho, reclamavam do descompromisso
A família o deixou num solstício
E foi demitido num equinócio

Mas ele já estava a anos-luz de distância
E nunca tinha sido tão feliz
Mesmo sabendo, naquela altura, que tudo ia desabar
E queriam destruir seu universo

A vida nunca foi fácil pra ele, não (não-oh-oh-oh)
E a dura realidade às vezes o desmascarou
Perdido na própria constelação
A tristeza tomava conta do peito
Mas pior foi pro astrônomo que não podia ver o céu

Disseram que, se continuasse com aquelas visões
Seria esmagado pelos seus próprios dilemas e tensões
Encheram ele de calmantes, de todas as cores
Pra calar a voz que gritava: Eppur si muove

E sua luz foi se apagando como o Sol do futuro
E sua paixão esfriando, igual Urano e Netuno
Toda estrela brilhante tem sua hora
E seu sonho explodiu como uma supernova

Perdido na própria constelação
A tristeza tomava conta do peito
Mas pior foi pro astrônomo que não podia ver o céu
Pior foi pro astrônomo que não podia ver o céu