Eu sei o que ela me faz
E mesmo assim eu a deixei entrar
Ela diz que me dá alívio
Mas, no fundo, ela só quer me enterrar

Ela é doce como um veneno caro
Ela está em casa no meio de um naufrágio
Todo mundo aponta, todo mundo reclama
Mas ninguém vive, ninguém sabe a verdade

Não é que eu não queira ficar longe
É que eu só respiro quando estou com ela aqui
Viver para sempre é um plano maravilhoso
Mas eu preciso dela para que isso funcione

Ela me mata, mas também me salva
É a morte com um toque de paz
Dizem que é vício, eu chamo de lar
Sei que um dia ela vai me arrastar para o fundo do poço
Mas hoje
Hoje preciso escapar

Às vezes, o espelho me julga
Em algumas noites, juro que acabou
Mas quando o mundo fecha as portas com força
É ela quem ainda me salva

Todo mundo quer que eu esteja limpo
Prega e exige evolução
Mas ninguém segura minha mão
Quando estou debruçado sobre o abismo

Não é coragem, é desespero
Um santo de bolso que cheira a morte
Ela me deixa arrasado, mas me deixa de pé
E isso é mais do que muitos fizeram por mim

Ela me mata, mas também me salva
É a morte com um toque de paz
Dizem que é vício, eu chamo de lar
Sei que um dia ela vai me arrastar para o fundo do poço
Mas hoje
Hoje preciso escapar

Eles vão me enterrar com ela em minha mão
E todos vão querer julgar
Mas ninguém me deu uma saída
Apenas um sermão

Ela me mata, mas é tudo o que eu tenho
Me faz sorrir, me dá um motivo
Se for uma queda, que seja com ela no meu peito
Se for o inferno, que venha com trilha sonora ao vivo

Ela me mata lentamente
Mas pelo menos ela me deixa existir