O sal dá gosto ele não rouba a cena
A luz dá foco pro que vale ver, no alto da antena
É a sina dos corações dessas alma serena
Olho que brilha, fagulha a trilha da sua retina
Se a guerra tem dois lados, nenhum lado é bom
Sobra um par pra se dançar, se o silêncio é o som
O mal nasceu com nome, chama-se vaidade
Saudade da cidade, fome de shalom
Olhei pro calendário e vi
Nois preso numa grade de números frios
O tempo é relativo, são ciclos
Atrás dos seus motivos pra não ser vazio
Que dia é hoje? Não sei, não confio em relógio
Nem no tanto de sódio que me alimentei
Minha família é tudo e todos
O mundo é a nossa quebrada ou terra de ninguém?
Vi um moleque perdoar seu pai
Aquele que agrediu sem ter motivo
Vi um acidente e o mano falou: Carai
E agradeceu ao céu por estar vivo
Era uma mina ali de 11 anos
Com a pedra maldita presa em seu cachimbo
E uns malandro em volta dela, dormindo
A cena que marcou no último domingo
Vi um pastor abusar de uma criança
Vi um cobrador chantagear mulher
Já vi um índio na fila do banco
E a filha de um negro perguntar: Quem é?
Vi um skatista mijar num papelão
E um morador de rua falar que era dele
Vi um palmeirense ser linchado, zuado
E vi um corinthiano apanhar por ele
Vi um milionário empurrando fusca
Vi um mano humilde humilhar nordestino
Vi uma menina que virou menino
Ser morta pelo tio, viu? Essa vida é brusca
Tive um irmão que perdeu pro crack
Tive outro irmão que perdeu pro din
Tive um irmão que perdeu pro sexo
E desconexo cavou seu fim
Hahaha hahaha
É rir pra não chorar!
Êta mundo bom de acabar!
Mas se ainda existe ar
Restam motivos para respirar!
Quem sussurra a voz que faz ecoar?
Na terra que cê pisa e que o homem caiu?
Quem concede a graça de recomeçar?
Na vida que foi dada e que cê nem pediu?
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