Eu sou um bicho do mato
Que me criei no rigor
Agarrando touro à unha
E surrando um corcoveador
Pealando de todo laço
Até incendiar meu tirador
Brotei do oco da terra
Como brota um olho na água
Cresci gaudério e sozinho
Sem pai, sem mãe e sem nada
Cortando churrasco gordo
Quase todas madrugada'
Sou tipo gato palheiro
Como a carne mal assada
Nunca cortei o cabelo
E quase me alcanço na barba
E o bigode tem um serro
De tanta graxa coalhada
Certa vez, uma gaúcha veio, pra mim, se queixar
Tu é um xirú apessoado, queria te namorar!
Mas eu não entendo disso, nem, sequer, aprendi a falar
Eu gosto é de pealar égua pra ver o estouro que dá
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