Como será que estão, lá na enseada, a velha corticeira
Os jasmineiros e as orquídeas floridas
Onde o tordo cantou docemente?
Quero contemplar seus olhos negros de novo
E que você me beije como eu te beijei
Sob a sombra do jacarandá

Menino, se apoie nas lembranças de mim, tente dormir em paz
Sinto o peso do choro da sua mãe na sua consciência
Vi que o medo do abandono não te deixa respirar
Sinto o nó nas suas entranhas quando falam do seu pai com você

Menino, faça as pazes com a vida, o pasto não é de pedra
A saudade do seu passado não te deixa ir pra frente
Quem matou seu sorrisinho de felicidade e de bondade?
Sei que você quer dormir pra não acordar mais

Amor, não chore, vejo luz nas suas dores
Seguindo seu coração, dançando num canto de tordos

Menino, sou um homem triste, sei sobre o peso da sua verdade
Fugir por ter roubado, porque você rouba para jantar
Vi seus dedos no barro cheirando a liberdade
Sei que você quer dormir pra não acordar mais

Você anda pelo mundo como um pivete de alma doce
Vi a vida nos seus dedos e o ódio nas suas covinhas (ah, ah, ah, ah)
Você rezou por uns amigos, porque nem todos vão pro céu
Mas você é um Cálice Sagrado

Amor, não chore, vejo luz nas suas dores
Seguindo seu coração, dançando num canto de tor–
Amor, não chore, vejo luz nas suas dores
Seguindo seu coração

Filho, roubaram seus olhinhos de mim, os momentos que perdi
Perdi tempo do meu destino, e digo: Hoje é com você
Sei que, um dia, você vai crescer, sei que, um dia, vai entender
Os conselhos do seu velho, estou descansando em paz