Sou boiadeiro desde menino
Passei a vida no meio da boiada
Sempre contente com o meu destino
Dormindo ao relento com a peonada
Mas o progresso e a evolução
Trouxeram pra mim uma triste mudança
Esta boiada e o som do berrante
Somente vejo em minha lembrança
Vai, berrante repicando
E o gado berrando
Lá na curva do caminho
Ouço os colegas gritando
Vejo um lenço acenando
E a boiada pisando aqui dentro de mim
Meu velho pingo e um laço trançado
Eram amigos que eu mais confiava
Se um pantaneiro deixasse a manada
Na mesma hora na chincha berrava
O meu berrante e um cachorro campeiro
Destes amigos não me separava
E quando ouvia o som de um berrante
De alegria eu quase chorava
Vai, berrante repicando
E o gado berrando
Lá na curva do caminho
Ouço os colegas gritando
Vejo um lenço acenando
E a boiada pisando aqui dentro de mim
Oh, minha gente! Quanta saudade do repicar do berrante e ouvir o mugir dos pantaneiros!
Este meu peito que está cansado
E o rosto queimado com o Sol do verão
Não vejo as rugas, são marcas do tempo
De um duro trabalho sem compensação
Hoje estou velho já no fim da vida
Vejo que o mundo só tem falsidade
Já fui peão e transportei progresso
E sou rejeitado na sociedade
Vai, berrante repicando
E o gado berrando
Lá na curva do caminho
Ouço os colegas gritando
Vejo um lenço acenando
E a boiada pisando aqui dentro de mim
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