Eu ainda lembro da minha infância
Dos amigos, da escola, os sonhos de criança
Das alegrias, das descobertas!
As fantasias!

Minha mãe me cobrindo com a coberta
Na adolescência eu lembro da mudança
O fim da inocência, começo da arrogância!
Foram tantas minas, eu fiz tanta merda!
Curtia adoidado, eu não tinha pressa!
Eu lembro de ter feito tantos planos

Não via com clareza que causava danos!
A minha família, a mulher amada!
Sei que não vivia num conto de fadas
Tantos camaradas em cada role massa!
Muita treta besta, muita gente falsa!

Lembro que minha avó ainda estava aqui!
Sempre a me apoiar, nunca desistir!
Minha irmã tão pequena traumatizada
Vendo os absurdos que eu fazia em casa!
Eu tinha de tudo: Talento, dinheiro, amor!
Mas eu sei, eu não dei valor

O tempo passou, nenhum plano vingou
E agora estou a procura de amor
Minha irmã cresceu, casou, entendeu!
Me perdoou, não era eu, foi a droga que me dominou!
Hoje tento ser o melhor pro meus pais!
Enquanto tão aqui não é tarde demais

Pra ficar mais perto, sentar e conversar
Dar o meu afeto e recompensar por tudo que fizeram
Por me perdoar!
Foram tantos erros que não nem pra contar!
E além disso me perdoa filho!
Por ter sido ausente, por ter sido omisso!
Hoje somos muito mais do que pai e filho, somos amigos!

Sabe o quanto te admiro!
Os camaradas engordaram, casaram
Outros desandaram, se foram!
Ou tão enjaulados
Alguns se deram bem, outros querem outra chance

Na vida as escolhas mudam num instante!
Eu lido com a culpa vendo as glórias na estante!
Eu sei que dentro de mim, mesmo que bruto
Ainda tem um diamante!