Desde pequeno eu me achava um gênio
Mas de pequeno fui abandonado
Negligenciado numa corda bamba.
E hoje eu choro um samba para que você, doutor
Você que me dotou de tantas mágoas,
Para que você enfim me traga um gesto breve
Um sorriso leve e protetor
De orgulho e/ou amor.
E eu, que sempre fui sentimental,
Amargurei tanta porrada
Que hoje quase nada é suficientemente triste
Pra arrancar-me uma lágrima
Só porque você, doutor
Você secou um peito que te admirava
Você que apontou o dedo frente a minha cara
E sem vacilo me chamou
Decepção e/ou perdedor.
É, doutor
A gente pula cada enrascada
Foge se é emboscada
Se racha na encruzilhada o tempo todo
Para que no fim, doutor
Enfim você dispare o tiro de misericórdia
Você que adotou ser caçador de mim
Sem bala de festim
Você, doutor
Diz que me caça por amor
Diz que me mata por amor
Diz que não ama por amor
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