Eu subi aquela rua
E apertei o meu passo
Quando vi que estava do lado errado
E os carros que aqui passam
Apressam nosso abraço
E o livro que trago nos braços
Só para dizer que
Nada faz sentido e o horizonte é nosso
Amanhã, sim
Que o abraço aperta o passo e o caso é sempre assim
Então eu cheguei em casa
E as duas da madrugada
Meu telefone apitava assim
Era o toque que embalava
As minhas meias risadas
E o gato que miava sem fim
E foi assim que eu vi que
Os livros que eu lia não mostravam o fim
E começava sempre assim
No tímido embaraço que leva ao fim
E eram tantos os mistérios
De Hamlet e Otelo
Que o mundo terminava sem mim
Em uma explosão de rimas
E ruas sem saídas
Que nunca acordavam entre si
Se for pra ter um fim, assim
Igual a gente
Tem que ser mais forte que
A tempestade chega enfim
A gente fica só num lado isolado sem ninguém pra rir
Então só desalocados
Em cantos separados
O livro sussurrava pra mim
Que estava estilhaçada
Feito pólvora usada
Em mil esburaquilhos que eu vi
E foi assim que eu vi
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