Afinal, o que é cifra?
Aprenda o que são, para que servem e como ler cifras musicais, um dos principais sistemas de notação musical!
Quando nos aventuramos pelo mundo da música, logo nos deparamos com algumas formas de notação musical. Uma das mais comuns é a notação por cifras, que é acessível para quem deseja aprender uma nova música em seu instrumento ou mesmo analisar e entender o que se passa nela. Por isso, preparamos este artigo para te ajudar a entender o que é cifra.

Se a ideia de interpretar cifras musicais parecer intimidante, não se preocupe. Como com qualquer sistema de notação musical, aprender como ler cifras é um processo gradual, mas gratificante.
Com o tempo, a leitura de cifras se tornará uma habilidade valiosa, te capacitando a tocar uma infinidade de músicas e explorar seu potencial musical de maneira criativa.
Nesta introdução, buscamos apresentar o que é cifra musical de maneira simples e didática para quem está iniciando no mundo da música.
Ao destacar o conceito de cifras e como elas podem ser lidas e interpretadas, esperamos oferecer uma visão clara e encorajadora para começar a explorar essa ferramenta fundamental para qualquer músico!
O que são as cifras musicais?
Em sua essência, as cifras são uma forma de representar os acordes e a harmonia de uma música. Diferentemente das partituras tradicionais, as cifras oferecem uma abordagem mais direta e prática.
Elas são especialmente úteis para quem toca instrumentos harmônicos (violão, guitarra, teclado, cavaquinho etc.), pois permitem identificar quais acordes devem ser tocados sem, necessariamente, conhecer a melodia completa.
A utilização de cifras para instrumentos de corda dedilhada foi muito comum também durante os séculos XVII e XVIII, em um sistema chamado alfabeto. Esse sistema fazia a correspondência entre fôrmas de acordes e letras do alfabeto.
Hoje em dia, o alfabeto não é mais usado no cotidiano e se tornou especialidade de estudiosos da música daqueles séculos.


Além do alfabeto, outro sistema de cifragem amplamente utilizado era o baixo cifrado ou baixo contínuo. Nesse método de cifragem, a linha mais grave servia de referência para a formação de intervalos nos instrumentos de teclas e cordas dedilhadas.
Esse método se mistura com a prática de improvisar o acompanhamento na hora da performance e pode ser encontrado em obras até o século XIX.
Existem ainda outros tipos de cifragem bastante úteis para a análise musical, como a cifragem por graus, utilizada na Harmonia Tradicional, e as diferentes formas de cifragem utilizadas na Harmonia Funcional.
Neste artigo, vamos nos aprofundar no sistema alfanumérico, mais comumente usado na música popular.
Como ler uma cifra?
Para saber como ler cifras, é importante entender, a princípio, que as sete primeiras letras do alfabeto equivalem a uma nota musical, da seguinte forma:

Essas letras também indicam a nota fundamental do acorde, ou seja, aquela nota que dá nome ao acorde que será montado. Os acidentes de “b” (bemol) e “#” (sustenido) também serão utilizados, ao lado da letra, para indicar a alteração da nota. Por exemplo, C# ou Eb.
No caso dos acordes, quando a letra aparece sozinha, entende-se que é uma tríade perfeita maior (acorde com fundamental, terça maior e quinta justa).
Em tríades menores, a letra que corresponde à fundamental é acompanhada da letra “m” minúscula ou, em alguns casos, de um sinal de “-“.
Além disso, grande parte dos acordes tétrades recebe a adição do número 7. Portanto, para indicar qualquer mudança na estrutura do acorde, utilizam-se diferentes números e alguns outros símbolos.
O quadro abaixo expõe algumas das possibilidades de cifras que podem aparecer. Repare que os números usados representam os intervalos formados entre a nota adicionada à tríade e a fundamental do acorde.

Também é comum o uso de bemóis e sustenidos para indicar alguma alteração em algum intervalo. Por exemplo, C7(#5). Perceba que aprender a ler cifras, além de ajudar na prática do instrumento, também serve para entender a harmonia de uma música.
As cifras ainda não possuem um uso padronizado adotado universalmente, ainda que muitos estudiosos venham tentando estabelecer um sistema padrão. Então, é comum encontrar algumas divergências na maneira de notar ou interpretar esses símbolos.
Um exemplo disso é o comum uso de “+” no lugar do “aum” ou do “#”, como em C7(#5). Também do “-” ou “min” para indicar acorde menor (C-7 ou Cmin7).
O que é cifra simplificada?
Cifra simplificada, como o próprio nome já indica, é uma cifra mais acessível. Muitas vezes, mantém apenas o essencial da harmonia, para que a música seja realizada de forma funcional.
Essas simplificações podem ocorrer de diversas formas diferentes. Primeiramente, é possível eliminar inversões e notas adicionadas da harmonia, para facilitar a montagem dos acordes para um determinado objetivo (geralmente didático).
Vejamos neste exemplo de Oceano, do Djavan. Perceba como a cifra está cheia de notas adicionadas e tétrades, aumentando, assim, o número de acordes e sua dificuldade.

Já a versão simplificada, mantém apenas tríades e algumas tétrades básicas, tornando a música mais acessível e “limpa”.

Outra forma de simplificar a cifra é eliminar acordes que não sejam tão importantes ou marcantes dentro da estrutura harmônica.
Um exemplo é no refrão de Sweet Child O’Mine, do Guns N’ Roses, que utiliza o número 5 na frente dos acordes para indicar que são powerchords.

Já na versão simplificada, o acorde B5 foi retirado, uma vez que ele é apenas um acorde de passagem que serve para chegar ao C5. Além disso, perceba que estão escritas tríades simples, para uma possível performance no violão, onde powerchords não são tão comuns.

Lembrando que uma cifra simplificada é apenas uma versão mais enxuta da canção, com objetivo de tornar a música acessível para quem está aprendendo ou para entender melhor as estruturas básicas da harmonia.
Apesar da simplificação, essas versões estão longe de serem versões erradas.
Para pôr o conhecimento adquirido aqui em prática, que tal aprender a tocar 20 cifras simplificadas no violão? Assim, você evolui tecnicamente e aumenta o seu repertório no instrumento.
Além disso, compartilhe o link deste artigo com mais pessoas, para que elas agreguem conhecimento sobre cifras e leitura musical!
Marco Teruel
Marco Teruel é músico e violonista, com mestrado pela USC Thornton School of Music (EUA) e doutorado em música pela UFMG. Seus interesses musicais incluem o repertório do violão clássico, a música dos séculos XVI e XVII, a música brasileira e o heavy metal.