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O que é improvisação musical? Saiba tudo sobre a técnica

Conheça mais sobre a arte da improvisação musical e descubra como fazer isso nas suas performances!

De forma direta, a improvisação musical é a arte de criar música espontaneamente, seja através de instrumentos ou vocalmente.

Se você está se perguntando o que é a improvisação musical, saiba que é uma habilidade que permite aos artistas explorar sua criatividade e individualidade em sua performance. Mas também requer um amplo conhecimento e disciplina no estudo.

Vamos conhecer um pouco mais sobre improvisação e, no final, oferecemos algumas dicas de como melhorar nessa técnica!

O que é improvisação musical?

A improvisação musical requer habilidade técnica, conhecimento teórico, sensibilidade e bagagem musical.

Ou seja, ela não é algo que nasça no completo vácuo, à medida que sua experiência e maturidade musical aumentam, também aumenta a qualidade da improvisação.

Ela pode ocorrer em diversos contextos musicais e alguns gêneros são conhecidos justamente pela liberdade que seus músicos e intérpretes têm para improvisar.

Agora que você descobriu o que é improvisação musical, vamos conferir como ela atua em alguns gêneros musicais.

Jazz

Quando pensamos em improvisação, o jazz talvez seja o primeiro gênero musical que vem à cabeça. Enraizado na cultura afro-americana, a improvisação no jazz, no fundo, diz respeito também a um senso de pertencimento e comunidade.

Ao longo do tempo, o improviso e a abordagem do jazz mudaram radicalmente. No início do século XX, era mais contido e baseado nos standards. Dessa forma, os músicos se baseavam na harmonia e em partes da melodia de uma canção para improvisar.

O bebop, surgido na década de 1940, trouxe uma abordagem mais complexa e livre à improvisação, permitindo aos músicos explorarem novas escalas, acordes e técnicas de expressão individual.

Nomes como Charlie Parker e Thelonious Monk lideraram esse movimento, expandindo as fronteiras do jazz tradicional e introduzindo conceitos inovadores de harmonia e improvisação.

Já o free jazz, emergindo nos anos 1960, levou a liberdade musical a extremos ainda maiores, com músicos como Ornette Coleman e John Coltrane explorando a improvisação sem limites de estrutura ou forma.

Esses movimentos revolucionários influenciaram não apenas o jazz, mas toda a música improvisada, inspirando gerações de músicos a explorarem novas possibilidades criativas.

Música clássica

Durante um breve momento no século XX, a improvisação ficou em segundo plano na Música de Concerto. Isso se deve ao extremo apego e importância que se deu ao que vem escrito em partituras.

Entretanto, improvisar era uma prática comum até, pelo menos, a segunda metade do século XVII, onde músicos como Mozart e até mesmo Liszt eram exímios improvisadores ao piano.

Métodos de instrumento propunham exercícios de improvisação como parte da formação do músico. Um dos mais conhecidos é Johann Sebastian Bach, que improvisava inclusive peças polifônicas ao órgão ou cravo.

Atualmente, o movimento de Performances Historicamente Informadas tem reabilitado o papel do improviso em cima de padrões harmônicos antigos utilizando violas-da-gamba, alaúde, cravo e outros instrumentos da época.

Outro tipo de improvisação é a chamada improvisação aleatória, ou seja, sem uma referência. Um dos compositores que começou a explorar esse tipo de improvisação foi o estadunidense John Cage.

Rock

É claro que não podemos deixar de mencionar o impacto do rock quando falamos de improvisação. Desde os solos de Sister Rosetta Tharpe, o papel e a natureza do solo no rock mudaram de maneira significativa.

A improvisação no rock é uma batalha entre a expressão popular e a expressão mais técnica, subjetiva e particular. Essa dualidade moldou a sonoridade do gênero ao longo das décadas, resultando em uma variedade de estilos e abordagens.

Para exemplificar a improvisação virtuosística e psicodélica, podemos olhar para figuras como Jimi Hendrix, cujos solos cheios de energia e criatividade em músicas como Voodoo Child incorporavam elementos de ruído e já flertavam com a psicodelia.

Da mesma forma, Eric Clapton e Jeff Beck demonstraram sua maestria técnica e capacidade de improvisar com emoção e expressividade, profundamente enraizado na tradição do blues.

Por outro lado, a energia crua e a atitude rebelde do rock de bandas como Led Zeppelin, The Who e Black Sabbath também desempenharam um papel importante na improvisação do gênero. Nesse contexto, o improviso é impulsivo e carregado de emoção, refletindo a essência do rock ‘n’ roll.

Já no rock progressivo, músicos como David Gilmour, do Pink Floyd, e Rick Wakeman, conhecido por seu trabalho com o Yes, elevaram a improvisação em termos de virtuosismo e complexidade.

Em seus trabalhos, vemos solos que exploram composições elaboradas e habilidades técnicas avançadas, na busca por uma expressão mais subjetiva e autônoma.

Apesar das diferenças entre essas abordagens, todas compartilham um elemento comum: a expressão do indivíduo.

Nos dias de hoje, artistas como Steve Vai, Guthrie Govan e ícones de bandas como Dream Theater conseguem equilibrar técnica e expressão de forma magistral, representando uma nova fase na evolução da improvisação no rock.

Improvisação na música instrumental brasileira

Um gênero brasileiro urbano muito popular, o choro também tem sua abertura para o improviso. Contudo, a improvisação melódica, como acontece no jazz, não era o maior foco.

Isso não quer dizer que não acontecesse. De forma mais sutil, ela ocorre utilizando de ornamentos musicais, pequenas passagens com arpejos, escalas e pequenas mudanças de ritmos.

Mas onde o improviso é mesmo preponderante é no acompanhamento, principalmente realizado pelo Violão 7 Cordas, as famosas “baixarias”.

Aqui, o acompanhador cria uma espécie de diálogo e contraponto com a melodia realizando nos bordões do violão. Um dos grandes nomes é, sem dúvida, Dino 7 Cordas.

Mais tarde, como solistas, Dominguinhos, Paulo Moura, André Mehmari, Yamandu Costa e Nelson Faria trouxeram influências de outros estilos como o jazz para a improvisação na música brasileira.

Diferença entre improvisação e composição

Embora improvisação e composição estejam relacionadas, são processos distintos na criação musical.

Enquanto a improvisação ocorre no momento da performance, a composição envolve a criação de música de forma deliberada e planejada. O compositor tem tempo para refletir e revisar sua obra e, por sua vez,o improvisador precisa tomar decisões instantâneas enquanto toca.

Entretanto, não é incomum perceber que alguns grandes improvisadores lapidam seus solos para determinadas músicas. Dessa forma, é possível pensar que o solo é uma composição em processo, que muda com o tempo.

Mesmo no rock, é muito comum que os solos mudem mantendo apenas as partes mais marcantes, como é o caso do emblemático solo de Stairway to Heaven, do Led Zeppelin.

Ou a expansão de solos como é o caso da versão de Sultans of Swing, da banda Dire Straits, presente no álbum Alchemy.

Já a composição abrange aquelas características da música que seriam fixas ou que são muito específicas de uma música.

No jazz, por exemplo, é comum que alguns solos ou arranjos ganhem uma importância tão grande que sejam integrados como parte da composição.

6 dicas e técnicas para improvisação musical

Agora que você conferiu o que é a improvisação musical e como ela atua em diversos gêneros, vamos te dar algumas dicas para você treinar e conseguir improvisar também!

1. Conheça a teoria musical

Dominar escalas, acordes e estruturas harmônicas é fundamental para improvisar com confiança.

Quanto mais você entender a teoria por trás da música, mais recursos terá para criar improvisações interessantes.

2. Desenvolva sua escuta ativa

Esteja sempre atento ao que está acontecendo na música ao seu redor. Ouça os outros músicos com quem está tocando e responda às suas ideias musicais de forma criativa.

3. Amplie sua bagagem musical

Para quem deseja improvisar e ter destreza em diferentes gêneros ou trazer algo novo para o gênero que toca, é imprescindível ter muitas referências.

4. Experimente diferentes estilos e gêneros

A improvisação pode ser aplicada a uma variedade de estilos musicais. Explore diferentes gêneros para expandir seu vocabulário musical e descobrir novas maneiras de se expressar.

5. Pratique regularmente

Assim como qualquer outra habilidade musical, a improvisação requer prática constante.

Dedique tempo regularmente para explorar novas ideias e desenvolver sua linguagem musical improvisada.

6. Confie em sua intuição

A improvisação é, em última análise, sobre confiar em sua própria criatividade e intuição musical. Deixe-se levar pelo momento e não tenha medo de correr riscos em sua performance!

Encontre o que você precisa para evoluir na música

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Foto de Marco Teruel

Marco Teruel

Marco Teruel é músico e violonista, com mestrado pela USC Thornton School of Music (EUA) e doutorado em música pela UFMG. Seus interesses musicais incluem o repertório do violão clássico, a música dos séculos XVI e XVII, a música brasileira e o heavy metal.

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