O que é jazz? Conheça esse histórico gênero musical
Explore os segredos do jazz em uma jornada através da improvisação, do ritmo e da incrível criatividade musical!
Ao longo da história, o jazz se infiltrou em vários estilos musicais. Por exemplo, diversos artistas da MPB utilizaram estruturas harmônicas influenciadas pelo estilo estadunidense. Além disso, ritmos latinos, como a salsa, também incorporaram elementos do jazz. Até mesmo em certas vertentes do rock, é possível detectar sua influência. No entanto, muitas pessoas não sabem o que é jazz.
Por outro lado, tem gente que pensa que jazz é tudo igual, desconhecendo toda a evolução do gênero e as vertentes surgidas com o tempo.
A verdade é que o jazz continua influente atualmente. Tanto é que artistas como Bob Dylan e Paul McCartney lançaram álbuns de cover de standards de jazz não faz muito tempo. Sem falar de artistas mais novos com nítida influência jazzística. Então, bora lá aprender, de fato, o que é jazz?
A origem do jazz
Os africanos escravizados cantavam músicas enquanto trabalhavam nas plantações de algodão nos Estados Unidos. Essas manifestações musicais geraram estilos como as worksongs, o field holler, spirituals e o gospel.
Em todos eles, as letras falavam sobre o cotidiano desses africanos na América. Além disso, elas traziam características típicas dos cânticos de regiões africanas de onde eles vinham, como improvisação, ritmo, organização do coro e melodia.
Com a abolição da escravidão no país, começou a acontecer uma mescla de diferentes manifestações das músicas dos afro-americanos com a cultura europeia.
Assim sendo, no final do século XIX, mais especificamente na cidade de Nova Orleans, surge o jazz, um novo gênero musical resultante dessa miscigenação cultural.
Muitos historiadores defendem que quem criou o jazz foi um cornetista neto de escravizados, chamado Buddy Bolden. Ele teria misturado o ritmo sincopado do ragtime com o blues, dois estilos que também começaram a se desenvolver na virada para o século XX.
Como se define o jazz?
Para definirmos o que é jazz, temos que entender como certos elementos da música funcionam dentro desse estilo. Bora lá?
Improvisação
A improvisação é a principal característica do jazz. Na maioria das vezes, o jazz tem um tema melódico que se estrutura sobre uma progressão de acordes. No entanto, essa melodia não se desenvolve em verso e refrão, como no rock e em outros estilos, mas em seções, por exemplo: A B A, A B A C etc.
Assim sendo, o tema melódico é tocado uma ou duas vezes na música. Na sequência, um instrumento solista, como um piano ou algum instrumento de sopro, por exemplo, começa a improvisar sobre a progressão de acordes desse tema.
Dessa forma, o jazz proporciona uma sensação de espontaneidade e originalidade, permitindo que os músicos se expressem de forma única a cada performance.
Ritmo e swing
O ritmo tercinado é o que nos dá a sensação de swing no jazz. Isso acontece devido ao ritmo no jazz trabalhar com duas colcheias. A primeira é prolongada, e a segunda é mais curta.
Dessa forma, o prolongamento da primeira colcheia seria a ligadura das duas primeiras notas de uma tercina.
Harmonia
O jazz costuma utilizar harmonias repletas de dissonâncias e acordes estendidos. Assim sendo, o jazz traz não apenas uma riqueza harmônica, mas também improvisações mais rebuscadas, com o uso de escalas e técnicas mais complexas.
Além disso, o jazz explora variações harmônicas com progressões de acordes bastante desafiadoras.
Instrumentação
Outro fundamento importante para entendermos o que é jazz é saber quais são os instrumentos musicais mais utilizados no gênero.
Uma das características do jazz é a predominância dos instrumentos de sopro. Nesse sentido, dentro dessa categoria, temos três dos principais instrumentos de jazz.
O primeiro deles é o trompete, cujo maior expoente foi Miles Davis.
Talvez o instrumento de sopro com mais predominância no jazz seja o saxofone. Charlie Parker foi seu representante mais emblemático.
O trombone adiciona profundidade à sonoridade jazzística. Nesse sentido, J.J. Johnson é lembrado por suas contribuições ao jazz moderno.
Embora tenha sido mais popular nas primeiras décadas do jazz, o clarinete desempenhou um papel importante no desenvolvimento do gênero. Assim, músicos como Benny Goodman contribuíram para a popularização do clarinete no jazz.
Mas o jazz não vive só de instrumentos de sopro. Assim sendo, o piano é um dos pilares do estilo. Pianistas como Duke Ellington, Thelonious Monk e Bill Evans moldaram a evolução do gênero.
Por fim, nomes como do baterista Buddy Rich e dos guitarristas Django Reinhardt e Charlie Christian também fizeram seus instrumentos se destacarem dentro do jazz.
Tipos de jazz
Para entendermos mais profundamente o que é jazz, precisamos conhecer as diferentes vertentes do estilo. Confira:
Swing jazz
Vertente do jazz que surgiu nos anos 30 e que popularizou o gênero quando começou a ser tocado nas rádios. Billie Holiday é uma das maiores expoentes do swing jazz.
As big bands foram muito populares nos anos 30 e 40 dentro do swing jazz, com média de 12 a 25 músicos.
Assim sendo, a formação mais comum de uma big band é:
- 2 saxofones altos
- 2 saxofones tenores
- 1 saxofone barítono
- 1 ou 2 saxofones sopranos
- 3 trombones tenores
- 1 trombone baixo
- 1 guitarra
- 1 contrabaixo
- 1 piano
- 1 bateria
Glenn Miller teve uma das maiores big bands da época.
Bebop
Ao contrário das big bands, o bebop se constitui de trios e quartetos. Além disso, essa vertente se caracteriza por seus ritmos complexos. Seu fraseado é rápido e agressivo, exigindo um nível técnico instrumental bem elevado para ser executado.
Charlie Parker é um dos músicos mais representativos dessa vertente do jazz.
Hard bop
Uma ramificação muito importante para se entender do jazz é o hard bop, que é uma espécie bebop mais agressivo. Ele surgiu contra o cool jazz, uma vertente com uma sonoridade mais tranquila.
Charles Mingus enveredou por esse tipo de jazz.
Cool jazz
Como vimos, a turma do cool jazz é diferente do pessoal do bebop. Dessa maneira, o cool jazz se caracteriza por ter andamentos mais lentos e linhas melódicas com menos notas que o bebop e o hard bop.
Chet Baker é um ótimo representante do cool jazz.
Soul jazz
É o hard bop mesclado com blues, gospel e R&B. Geralmente, o soul jazz era composto por trios de órgão, saxofone e bateria, onde o organista fazia o baixo nos pedais do órgão.
Ray Charles passeou por esse estilo.
Free jazz
O free jazz acentua os principais elementos que precisamos para entender o que é jazz. Ou seja, suas harmonias são bem complexas, com muito uso de dissonâncias. Assim sendo, os improvisos ficam longos e com um fraseado rebuscado.
Albert Ayler foi um dos maiores expoentes desse tipo de jazz.
Fusion
É o encontro do jazz com o rock e o funk no final dos anos 60. Seu período áureo se dá nos anos 70.
A Mahavishnu Orchestra é um dos mais influentes nomes do fusion.
Jazz latino
É o jazz com influências de ritmos latinos, como salsa, merengue e mambo. Poncho Sanchez é referência no jazz latino.
Jazz no Brasil
Podemos dizer que a bossa nova é um estilo musical jazzístico surgido no Brasil. Assim sendo, a bossa traz estruturas harmônicas muito semelhantes ao jazz estadunidense e mescladas com o samba. Além disso, ela também abre espaço para o improviso tão característico do jazz.
Qual a diferença entre jazz e blues?
Uma boa maneira para entender o que é jazz é compará-lo ao blues. Assim sendo, ambos são estilos musicais que têm um forte apelo na improvisação.
No entanto, no blues, a improvisação respeita uma estrutura harmônica e rítmica. Além disso, o blues usa muito as escalas pentatônicas e a escala blues.
No jazz, a improvisação é livre e utiliza vários tipos de escala, como os modos gregos e as escalas maiores e menores, entre outras.
Além disso, o blues se apoia em harmonias e melodias que, juntas, formam sonoridades que definem o gênero. O jazz, apesar de trazer um tema melódico, tem na improvisação sua principal característica.
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Carlos de Oliveira
Redator Web com especialização em SEO e escrita para blogs e redes sociais. Estrategista de conteúdo. Músico, compositor e colecionador de LPs, CDs e DVDs. Toca guitarra, violão, baixo, teclado, piano e bateria. Escreve para o Cifra Club desde abril de 2022.