A natureza desumana não favorece a Terra
A destruição de uma semana é semelhante a guerra
Bomba nuclear
Todo esgoto ao mar
É por ela

Enquanto forças de alma branca ficarem submersas
Sob os escombros dos desmandos de corações perversos
Tudo morrerá
Pouco sobrará
Só desertos

Do epicentro, conseqüências diversas se fazem ecos
Justificadas com cinismo por lógicas do progresso
Diante disso vi
O inferno é aqui

Temendo a sorte reservada pros netos dos nossos netos
Dedico o grito sufocado de um maracatu modesto
Que diga o Haiti
O inferno é aqui

Ver, ouvir, saber e sentir como se na própria pele sangrasse o desdém
Covarde de um filho ingrato que espalha mau trato e no prato que come, cospe

Pálidas frentes mal armadas tombam por mais que tentem
Não se curvarem derrotadas embora insuficientes
Desistir jamais
Extirpar os ais
É com a gente

Sonho movido à esperança mostra-se comovente
Em meio ao caos que a dor imposta plantamos a semente
Sentimento audaz
Lutar pela paz
Siga em frente

Muito mais nobre e tanto vale o pleno envolvimento
Do que o desgosto do desconforto de negar-se pelo medo
Assim mesmo que
Seja o inferno aqui

Demore o tempo da existência só importa o que há por dentro
Forte dos fortes, fraco dos fracos, revela-se num momento
Indecente sim
O inferno é aqui