Não que eu ache prudente medir as palavras
Pois meu olhar já acusa e o gesto entrega
Toda exceção tem uma regra
Nega o que foi feito antes
Disse um dia Cervantes: Mais vale a coragem
Nessa estranha paisagem existe um moinho
Tenha cuidado dragão
Não atravesse o caminho
Que a minha lança se esconde no carinho
Não que eu ache alinho na sede em vingança
Mas nesse prato tão quente eu vou pelas beiras
Larguei as boas maneiras
E das olheiras cuidei
Eu dou um traço na lei que você atravessa
Deixo impressa no ar uma calma ambígua
Vou desfilar pelas ruas
Com minha roupa mais linda
Vou de estandarte só pra ver você à míngua
Dissimulada, minha língua se esconde nos dentes
Para soltar o veneno na tua passagem
Tu guardarás a imagem
Uma miragem quiçá
Um dia enfim surgirá a verdade dos fatos
Último ato tem sempre um grand finale
Quando a cortina descer
Eu aplaudindo feliz
Juro, dá vontade de gritar e pedir bis
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