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Acordes com cordas soltas: saiba como usar prática

Os acordes com cordas soltas são literalmente acordes que utilizam notas tocadas em cordas sem pressionar a casa. Muito versáteis, eles oferecem sonoridades que podem enriquecer arranjos e composições.

Há vários motivos para o uso desses acordes, como permitir que você encontre sonoridades características de instrumentos de cordas dedilhadas, explorar extensões, além de aproveitarem a ressonância do instrumento.

E é isso que vamos te ensinar hoje. Então, afine o instrumento e vamos lá!

Tudo o que você precisa saber sobre os acordes com cordas soltas

Os acordes com cordas soltas são um dos aspectos mais idiomáticos do uso de violão e da guitarra.

Aprender a usar e montar esses acordes permite que você crie uma linguagem pessoal, aplicando em composições próprias ou arranjos de músicas que você gosta.

Um brasileiro famoso por usar essa abordagem é o mineiro Toninho Horta, um dos integrantes do Clube da Esquina, e reconhecido por grandes guitarristas como Pat Metheny.

Agora, vamos te dar dicas para que você domine os acordes com cordas soltas!

Afinação padrão do violão e da guitarra

O primeiro passo é, claro, conhecermos bem a afinação do violão e da guitarra. A afinação padrão é 1ª mi (e), 2ª si (B), 3ª sol (G), 4ª ré (D), 5ª lá (A) e 6ª mi (E).

Cada uma dessas notas pode ser usada como nota estrutural (fundamental, 3ª, 5ª ou 7ª) ou extensão nos acordes que exploram as cordas soltas.

afinação padrão do violão e da guitarra
Créditos: Cifra Club

Tonalidades que funcionam melhor com cordas soltas

Algumas tonalidades são melhores para utilizar cordas soltas do que outras.

O fator determinante é o número de alterações (notas com # ou b) nas escalas musicais e como impactam as cordas soltas para aproveitá-las na harmonia.

Tonalidades sem alteração

A Dó Maior não possui alterações e todas as cordas soltas podem ser usadas como extensões ou nota estrutural dos acordes.

Uma alteração

A Sol Maior possui apenas uma alteração na escala, fá#. Assim, todas as cordas soltas podem ser usadas também nesta tonalidade.

A Fá Maior também possui apenas uma alteração, sib. Nesta tonalidade, deve-se tomar muito cuidado com a 2ª corda, si.

Ela forma um intervalo de trítono com a tônica da escala de Fá, e, certamente, é uma que deve ser evitada usar solta.

Duas ou mais alterações

A Ré maior possui duas alterações: fá# e dó#. Três das cordas soltas são notas importantes dentro da escala de Ré maior (sol, ré e lá).

E também possibilita que você afine a sexta corda um tom abaixo, em ré, ampliando ainda mais o uso das cordas soltas.

Já a Lá maior possui três alterações: fá#, dó# e sol#. Então, cinco cordas do instrumento ainda podem ser usadas dentro dos acordes do campo harmônico.

Apesar de possuir quatro alterações na escala (fá#, dó#, sol# e ré#), a Mi maior é uma das tonalidades que melhor aproveita as cordas soltas.

As cordas mi (1ª e 6ª), si (2ª) e lá (5ª) podem permanecer soltas em diversas formações de acordes.

Sem mencionar que as notas mi, si e lá são, respectivamente, a tônica, a dominante e subdominante da tonalidade.

Cordas soltas como extensões harmônicas

Uma das características mais interessantes dos acordes com cordas soltas é sua capacidade de adicionar extensões harmônicas a acordes básicos.

Por exemplo: o shape básico do acorde de Lá Maior, na segunda posição, já utiliza, pelo menos, duas cordas soltas a 5ª (lá) e 1ª (mi).

shape básico Lá Maior
Créditos: Cifra Club

Podemos levantar o dedo que está apertando a segunda corda e ela se tornará a nota si, a nona do acorde de A.

nona do acorde de A
Créditos: Cifra Club

De forma similar, usando a terceira corda solta (sol), teremos o acorde de A7.

acorde de A7
Créditos: Cifra Club

E, se utilizarmos a quarta corda solta, teremos o A11.

acorde A11
Créditos: Cifra Club

Outra forma é movimentar o shape do acorde. Por exemplo, se levarmos duas casas para frente (e não utilizarmos pestana) o shape original de A, teremos um acorde de B7(11).

Ele estará na terceira inversão, com a sétima do acorde sendo a corda solta lá e a 11ª a corda solta mi.

acorde B11A
Créditos: Cifra Club

O mesmo shape na sétima posição é um acorde de D9. Neste caso, ele estaria na segunda inversão, com a corda lá sendo a quinta-justa do acorde e o mi sendo a nona.

Muitos shapes básicos permitem a incorporação de cordas soltas para criar acordes com sonoridades modernas.

D9A
Créditos: Cifra Club

Exemplos práticos de acordes com cordas soltas

A seguir, vamos mostrar alguns exemplos de acordes com cordas soltas, organizadas dentro do campo harmônico de Mi maior.

Esses acordes aproveitam o potencial das cordas soltas para criar sonoridades abertas e cheias de ressonância.

Campo harmônico de Mi maior com acordes com cordas soltas

Vamos usar como exemplo o campo harmônico de Mi maior e adequar o uso das cordas soltas a cada acordes.

Atenção, pois usaremos os acordes no estado fundamental, sem inversões.

I – E: o primeiro grau é o shape tradicional do E.

primeiro grau o shape tradicional do E
Créditos: Cifra Club

IIm – F#m7(11): eliminando a pestana do F#m, agora temos o mi como sétima menor do acorde e o si a décima primeira.

IIm - Fm7(11)
Créditos: Cifra Club

IIIm – G#m7: utilize a mesma lógica, mas, agora, o si é a terça-menor do acorde e não toque nem a quinta, nem a primeira cordas soltas.

Gm7
Créditos: Cifra Club

IV – A2: este é o mesmo shape de A2 que apresentamos anteriormente.

nona do acorde de A
Créditos: Cifra Club

V – B7(11): acrescente a corda mi aguda para adicionar a 11ª ao acorde do V, e a corda si para reforçar a fundamental.

B7(11)
Créditos: Cifra Club

VIm – C#m7: utilizando um shape de C#5 e adicionando a segunda e primeira cordas soltas, você terá um C#m7.

Cm7
Créditos: Cifra Club

VII – D#m7(5-): vamos omitir o acorde de VII grau já que, sendo um meio diminuto, as possibilidades são limitadas, pois as notas em cordas soltas para este acorde o tornaria equivalente ao V grau.

Essa abordagem é apenas um ponto de partida e há várias outras formas de montar os acordes com uma, duas ou três cordas soltas.

Um exercício é escolher uma tonalidade, construir o campo harmônico (em tríades ou tétrades) e explorar as possibilidades.

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Foto de Marco Teruel

Marco Teruel

Marco Teruel é músico e violonista, com mestrado pela USC Thornton School of Music (EUA) e doutorado em música pela UFMG. Seus interesses musicais incluem o repertório do violão clássico, a música dos séculos XVI e XVII, a música brasileira e o heavy metal.

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