Todo dia aviões
Arranham o azul do céu
A qualquer hora
O horizonte é folha de papel
Abaixo o cinza escuro
Tem seguro, segue mudo
Envolve o dia, morde a isca
À frente carro à vista
Coloquei os dias, horas
Horizonte e céu
Dentro do perímetro
De um barco de papel
O que era cinza escuro
Foi-se embora, navegou
De todas as medidas
Nem milímetro restou
Mas hoje me desfaço
Das buzinas, fico aqui
Hoje me desfaço
Da pretura de onde vim
Do ontem já não sei
A cada folha nova
Nasce um verde que busquei
De todo samba, todo espaço
Ouço um tamborim
Os dias no meu quarto
Tem o som que eu fiz
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