Carros e ambulâncias seguem bondes do metrô
Ando esquisito e, no entanto, nem estou só
Amigos indianos dizem que isso vai passar
Mas passam vinte anos, num segundo, devagar
No apartamento cozinha, quarto e aquecedor
E nenhum cantinho pra esquecer quem sou
Brasileiro, mais de um milhão de pecados pra pagar
E a bandeira começando a desbotar
Longe, longe o dia
Até poder voltar de vez
Enquanto isso bem podia, talvez
Até lembrar, talvez
Queimo a minha língua com um café sem gosto algum
No espelho eu me vejo e na rua eu sou mais um
O mesmo olhar perdido em folhas mortas e sem cor
E não sou mais que a sombra de uma sombra que passou
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